A corrida eleitoral para 2002 já iniciou e a polarização política se acirra à medida que Lula se consolida como o único candidato capaz de derrotar o golpe de estado com folga, apesar das manobras que a burguesia articulou para implementar as mudanças econômicas que o imperialismo exigia para a Brasil depois de 16 anos de governo de esquerda.
Na mesma medida em que Lula se afirma como o único nome de esquerda viável, o governo Bolsonaro derrete em meio à grave crise econômica e política vivida no país e os ataques dos outrora aliados que o levaram ao palácio do planalto e agora buscam um nome mais palatável, menos bizarro e mais controlável .
Acontece que apenas Bolsonaro e Lula possuem base eleitoral, e o esforço de construir um novo fantoche do imperialismo não parece uma tarefa fácil diante a enorme popularidade do ex-presidente Lula.
A sangria do governo Bolsonaro na imprensa em conluio com o judiciário é a reedição do que foi feito com o governo do PT e levou ao golpe de 2016 e ao impedimento do registro da candidatura de Lula em 2018, são partes da manobra “nem Lula nem Bolsonaro”.
A direita tenta todos os meios possíveis de emplacar a chamada “ 3ª via” e a imprensa já anuncia seus queridinhos: Ciro Gomes, João Doria, Eduardo Leite e Mandetta .
Já os setores de esquerda , mesmo o próprio Partido dos Trabalhadores, não assumem publicamente suas posições seja de apoiar Lula ou embarcar no golpe da terceira via. Porém as declarações de que é necessário renovar e a conduta adotada por esta esquerda diante a disposição das massas populares para o enfrentamento com a burguesia evidenciada na onda de manifestações iniciadas com o ato do 1º de maio realizado pelo PCO e o massacre do Jacarezinho, não deixam dúvidas da vergonhosa capitulação da esquerda diante a pressão da burguesia.
O 18 de agosto, data oficial para os atos pelo fora Bolsonaro foram absolutamente boicotados pelos partidos de esquerda, pelos movimentos sociais e pelas centrais sindicais com a indiscutível intenção de “ esfriar” a onda de manifestações que certamente impedem a consolidação do golpe de 2016 representado pelo nome de 3ª via pois as massas querem LULA e mais ninguém.
Já que a estratégia anterior de reabilitar os partidos golpistas através do teatro do pedido de impeachment e a presença do PSDB, PDT e outros nos atos populares foi totalmente rechaçada pelo movimento , a única saída é acabar com este movimento potencialmente explosivo e perigoso para os planos do imperialismo e da Burguesia local.
A posição de boicotar os atos foi unânime pela maior parte da esquerda, principalmente o PCdoB e o PSOL, que trabalharam arduamente na não divulgação dos atos apesar da decisão acordada na Frente Fora Bolsonaro.
A traição ao movimento popular não se limitou a estes partidos, todos sem excluir o próprio PT e CUT foram inoperantes na necessária divulgação e mobilização para a continuidade das mobilizações.
O que isto mostra é na mais suave crítica uma covardia descomunal diante dos desafios que se impõem para a esquerda ou a mais vil capitulação diante do golpe que é o apoio à desejada 3ª via através da Frente ampla contra Bolsonaro.
Escondem por trás dos acordos espúrios dos carreiristas regionais que em troca de seus interesses mesquinhos se abraçam à direita golpista que elegeu Bolsonaro e esfola o povo Brasileiro desde 2016 e empurra o país para o abismo econômico.
Na verdade estes setores não são contra Bolsonaro . São todos parte da velha política de entregar o povo aos leões se seus interesses se veem ameaçados.
A frente ampla é uma farsa para reacomodar os que nunca saíram do poder e dar uma aparência de renovação que acalme e esfrie as massas diante a agonia do capitalismo mundial.
Esta manobra já é velha conhecida , nada de novo vindo da direita e tão pouco da esquerda pequeno burguesa que historicamente trai o povo e se alia à burguesia na ilusão de que sairá imaculada diante a crise política.
Já era tempo de aprender com a história que quem se submete às diretrizes da burguesia é esmagado por esta mesma burguesia.
Os setores de esquerda que tentam acabar com o movimento popular são os mesmos que apoiaram o golpe em 2016, que gritaram fora Dilma, que puxaram o não vai ter copa e não moveram um dedo diante a prisão e condenação arbitrária do ex-presidente Lula.
São os que militaram nas redes sociais com o # FIQUE EM CASA, enquanto o povo morria como moscas na pandemia, os que fecharam os sindicatos enquanto os trabalhadores eram atacados e que só saíram às ruas quando se viram pressionados pelos setores combativos do movimento popular.
Os setores combativos da esquerda e a base popular devem denunciar e impedir esta traição ao povo brasileiro pois acabar com o movimento significa consolidar as bases para a Frente ampla que tem como única finalidade impedir a esquerda volte ao poder.
PCdoB e Psol se mostram como aliados de primeira hora do PSDB que já conta com a candidatura de Doria como representante fictício do antibolsonarismo, do nem Lula nem Bolsonaro.
