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Frente ampla

A nota anti-Lula do PCdoB

Legenda assina nota em que expressa seu desejo de que Lula não polarize o País

O PCdoB, legenda que mais produziu textos e discursos em defesa da unidade com a direita golpista em nome de uma suposta “luta contra o bolsonarismo”, publicou, no dia 9 de março, uma nota supostamente em solidariedade ao ex-presidente Lula. Após decisão monocrática de Edson Fachin, Lula está, neste momento, elegível. Seus processos na Operação Lava Jato foram anulados e o maior líder popular do País, vítima de anos de perseguição do golpe de Estado, foi declarado inocente das acusações grotescas e conspiratórias que sofreu.

O que chama a atenção é que a nota do PCdoB, supostamente solidária, é uma intriga contra o ex-presidente. O que mostra que não é uma solidariedade de fato, mas sim um ataque contra o mais importante pré-candidato da esquerda nas eleições de 2022.

Próximo ao fim da nota, o PCdoB afirma:

“Neste contexto, seria péssimo para o país, se essa importante conquista de Lula viesse a resultar em condutas que sobrepõem os interesses do Brasil e de seu povo a outros menores e que venha reavivar polarizações que já se revelaram úteis à tática política e eleitoral da extrema-direita”.

Se quisessem ser mais sinceros, os dirigentes do PCdoB poderiam ter redigido a nota desta maneira: “que bom que Lula teve seus processos anulados, mas esperamos que se aposente da política, do jeito que a direita quer”. Nesse trecho, a legenda revela, na prática, a sua política centrista, tipicamente eleitoral e oportunista: faz demagogia com os direitos de Lula para sua própria sobrevivência política e, por outro lado, demonstra a extrema preocupação com a política que Lula levará dali adiante.

E, como hoje está na moda defender a prisão daqueles com quem a esquerda pequeno-burguesa não concorda, poderíamos concluir, inclusive, que o PCdoB só defende a anulação dos processos de Lula desde que haja um compromisso do ex-presidente com a política da frente ampla. Caso contrário, poderia estar mofando nas masmorras de Curitiba…

O PCdoB espera, por meio da suposta campanha em defesa dos direitos políticos de Lula, conseguir uma fachada para a sua verdadeira política: a frente ampla com a direita golpista. Falamos suposta campanha porque o PCdoB nunca teve uma participação ativa na defesa do ex-presidente: lançou a pré-candidatura de Manuela D’Ávila em 2018, em concorrência com Lula, se recusou a participar dos comitês Lula Livre e defendeu, reiteradas vezes, a aliança no parlamento com aqueles que queriam ver Lula preso.

Por frente ampla, denominamos a política de submissão do PCdoB aos partidos que deram o golpe de Estado de 2016. A candidatura de Lula é um pesadelo para a burguesia, tanto é assim que a direita precisou passar por cima de uma série de direitos democráticos para conseguir cassar a sua candidatura em 2018. Lula é o maior líder popular do País e é apoiado por um movimento vivo, com um potencial explosivo: é a continuação do movimento que derrubou o regime militar nas ruas e que concentra uma experiência de cinco anos de luta contra o golpe e de muito enfrentamento com a política neoliberal.

Opor-se à candidatura de Lula — ou, ainda, opor-se ao seu potencial de polarizar a situação política — é, portanto, fazer o jogo da direita. O maior perigo para a burguesia é que Lula, que tem força real para enfrentar Bolsonaro e o golpe de Estado, expresse a fúria do povo e coloque o regime político em xeque. Uma pequena mostra disso foi vista em São Bernardo do Campo, quando militantes impediram que a Polícia Federal prendesse o ex-presidente.

A polarização, no entanto, é parte da essência do movimento que levou à criação do PT e de Lula enquanto líder de massas. Como disse o próprio Lula ontem (11):

“O PT não pode ter medo de polarizar. O que o PT não pode é ter medo de não polarizar e ficar esquecido”.

Por PT, Lula quer dizer a ala do partido ligado ao seu próprio nome, que concentra o movimento de luta do qual discutimos acima.

Como Lula é representante de um movimento que se opõe à política neoliberal — isto é, que necessita, para ter suas reivindicações atendidas, um enfrentamento com Bolsonaro, o PSDB e todo o regime —, o ex-presidente não cabe na frente ampla com os golpistas. Sua força é muito grande e seria quase inevitável que, ao ingressar em uma frente com a direita, as massas interviessem e impusessem o seu programa à revelia da direita golpista. Por isso, a única solução da direita é retirar Lula da disputa política geral.

Por algum tempo, a forma de excluir Lula foi através dos processos contra o ex-presidente, levando-o à prisão e à perda dos direitos políticos. Nesse momento, conforme destacamos, o PCdoB, ardiloso e centrista, fazendo jus à sua tradição stalinista, se dizia a favor dos direitos de Lula, mas não se moveu para tirá-lo da cadeia. Agora que Lula está elegível, resultado das contradições do próprio regime e da grande pressão das massas, a burguesia, enfraquecida, recorre à extorsão para impedir que Lula seja candidato e leve o regime à liquidação. Dizem o Estadão, a Folha de S. Paulo e toda a imprensa golpista que Lula candidato levará à polarização e que a polarização levará à vitória de Bolsonaro!

Ora, mas, nas eleições de 2018, Lula não foi candidato e Bolsonaro venceu. Bolsonaro não foi eleito por causa de Lula, mas sim pela burguesia, que decidiu impulsionar sua candidatura porque o PSDB era incapaz de vencer eleitoralmente o PT, mesmo com todo tipo de fraude possível. Lula candidato, na verdade, impediria a fraude, pois passar Bolsonaro como mais popular que Fernando Haddad é até possível; mais popular que Lula seria inaceitável… Ou a burguesia teria de dar a vitória a Lula, ou forçar a vitória de Bolsonaro levaria a uma crise espetacular.

Na medida em que a polarização política aumenta, o PCdoB começa a tirar sua máscara e a mostrar o mui amigo que é de Lula e da luta contra o golpe. Ao que a nota indica, está disposto a ir para a direita publicamente, como foi nas eleições de Recife em 2020, quando romperam com o PT para apoiar o PSB-PDT e a direita, sob a desculpa da frente popular. Naquele momento, o PCdoB acabou fazendo parte de uma campanha bolsonarista contra Marília Arraes e, hoje, assina toda a política genocida do governo de Pernambuco, que já matou mais de dez mil pessoas durante a pandemia.

A política real de combate ao governo Bolsonaro e ao golpe de Estado passa, obrigatoriamente, por outro caminho. É preciso que os pré-candidatos da esquerda abram mão de suas candidaturas em favor de Lula e que os partidos e movimentos iniciem já uma ampla campanha por Lula presidente.

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