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Antônio Carlos Silva

Professor de Matemática. Fundador do PCO, integra a sua Executiva Nacional. Atuou na fundação do Coletivo de Negros João Cândido. Liderou a criação e coordenação dos Comitês de Luta contra o golpe e pela liberdade de Lula. Secretário Sindical Nacional do PCO, coordena a Corrente Sindical Nacional Causa Operária, da CUT.

Deixar para trás os pelegos

A CUT e os sindicatos devem convocar as mobilizações nas ruas

As direções sindicais classista precisam aproveitar o impulso do dia 29, para mobilizar os trabalhadores, rumo à derrubada do governo e à conquista das reivindicações populares

Em uma reunião das direções da CUT e demais “centrais” sindicais realizadas no último dia 2, dirigentes de algumas entidades mais pelegas, criadas pela burguesia para dividir o movimento operário, como a Força Sindical e a UGT se colocaram contra a convocação de atos de rua pelas reivindicações dos trabalhadores diante da crise e pelo Fora Bolsonaro.

Os pretextos foram os mais esdrúxulos: o dirigente da Força teria alegado que o Movimento estaria tentando impor datas para o movimento sindical e o da UGT, lançou mão do argumento tradicional dos fura-greves que apoiaria a iniciativa apenas se todos aderissem (“só entro em greve se todos pararem!”).

A negativa se deu no mesmo dia em que uma importante reunião da Coordenação Nacional da Frente Fora Bolsonaro definiu o dia 19 de junho como data de uma nova jornada de luta do povo brasileiro, depois do êxito das mobilizações de 29 de maio, que marcaram definitivamente a virada política no país.

A ala mais reacionária da burocracia sindical já havia criado obstáculos a uma mobilização real, unificada, quando propuseram um “ato simbólico” (sem participação dos trabalhadores) no dia 26, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no dia 26, convocado para um dia de semana, pela manhã, em horário de trabalho, três dias antes dos atos unificados, deliberados na III Plenária Nacional dos Movimentos de Lutas, com cerca de 500 entidades, da qual participaram inclusive, a CUT e outras entidades sindicais como a CTB, Conlutas e Intersindical. Tal ato foi uma das últimas expressões do esforço de manter a fracassada política anterior de “atos simbólicos”, de sindicatos fechados e limitadas “ações” de lobbies no Congresso Nacional que não resultaram em nenhum conquista para os trabalhadores, pelo contrário. Da mesma forma, que o dia 29, apontou no sentido da superação dessa política por outra, a única capaz de enfrentar e derrotar a direita golpista e sua ofensiva contra os explorados, a mobilização de milhões de pessoas nas ruas.

A burocracia sindical reage à mudança e se agarra à posição defendida por mais de um ano por quase toda a esquerda burguesa e pequeno burguesa, emanada de setores da direita do “fique em casa” e “morra sem lutar”, entregando as ruas para a direita e a extrema direita, com os ataques aos trabalhadores se multiplicando, com desemprego em massa, com o brutal arrocho salarial, com a imposição da retirada de inúmeros direitos trabalhistas, ao mesmo tempo em que o genocídio provocado pela política direitista do golpe de Estado, levou a população brasileira a perder mais de 500 mil vidas.

A ala mais reacionária da burocracia, que apoiou a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, ou seja, o golpe de Estado, a criminosa operação Lava Jato, prisão de Lula etc., como sempre, segue as orientações da burguesia, dos seus “donos”, que querem encenar uma “oposição” a Bolsonaro, a quem ajudaram a eleger, mas que – efetivamente – não querem a sua derrubada, uma vez que isso representa um perigo à continuidade do regime golpista que eles ajudaram a edificar e aos planos de ataque aos trabalhadores que temem comum com o presidente fascista (privatizações, cortes nos gastos públicos, “reformas” tributária e administrativa etc.).

Trata-se me toda linha de uma política capituladora e de apoio aos “donos do golpe” e “pais de Bolsonaro”.  Não chega a ser uma novidade. É a mesma política reacionária, de abandono da luta dos trabalhadores, por eles adotada de forma ainda mais incisiva durante a pandemia quando fecharam os sindicatos e foram cuidar de preservar a própria vida, se colocaram em “home office”, enquanto a imensa maioria da classe trabalhadora (85% dos que ainda têm emprego) continuaram trabalhando presencialmente e sendo ainda mais explorados e tendo suas vidas ameaçadas pela política genocida dos patrões e seus governos. Recentemente, essa política levou ao desmoralizante  1º de Maio dessas “centrais”,  Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora, quando a maioria das direções sindicais além de se manter em casa, realizou lives e exibiu vídeos em seus sites, com verdadeiros canalhas, inimigos da classe trabalhadora e da sua luta, como do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do ex-governador João Doria, ambos do PSDB.

Os atos massivos do dia 29 não foram obra do acaso, representam o desenvolvimento da reação à essa política que foi impulsionada pelo PCO – Partido da Causa Operária e pelos Comitês de Luta, pela Corrente Sindical Nacional Causa Operária etc. que, junto com setores da base de outros setores da esquerda, buscaram impulsionar uma mobilização independente nas greves e mobilizações (como no caso dos Correios, professores etc.) e principalmente na luta política geral, levando para as ruas a campanha Fora Bolsonaro.

No dia 29,  foi perceptível que as grandes organizações de massa da classe trabalhadora não convocaram amplamente os trabalhadores para os atos do dia 29. A CUT, assim como as outras “centrais sindicais”, e a quase totalidade dos milhares de sindicatos da classe trabalhadora espalhados pelo país não realizaram nenhuma convocação ampla, junto às bases das categorias, mostrando que a mobilização poderia ser ainda várias vezes maior com a entrada em cena das organizações da classe trabalhadora. Mesmo assim, dezenas de milhares de trabalhadores, em sua maioria jovens, romperam a paralisia e saíram às ruas.

Mobilizar não é fazer discurso. Não significa apenas que os dirigentes compareçam aos atos, o que deveria ser uma obrigação. É necessário impulsionar uma ampla mobilização por meio de um processo de agitação política em torno dos atos, nos locais de trabalho e de grande concentração popular, como terminais de transporte e bairros operários, como o objetivo de trazer para a mobilização a força decisiva da classe trabalhadora.

É preciso exigir a reabertura imediata de todos os sindicatos e a colocação de todos os recursos humanos e materiais das organizações de luta dos explorados à serviço da organização e mobilização de milhões para parar a ofensiva da direita e conquistar as reivindicações do povo trabalhador, como a vacina para todos, a conquista do auxílio emergencial de verdade (que não poderia ser de menos de um salário mínimo), a redução da jornada de trabalho para 35 horas semanais, o bloqueio das privatizações apontadas pelo governo Bolsonaro e o cancelamento das já realizadas etc. e o fim do regime anti povo com a derrubada de Bolsonaro e de todos os golpistas.

É hora de colocar para funcionar as grandes máquinas de mobilização que são os sindicatos, as Confederações de trabalhadores e a Central Única dos Trabalhadores como mais um passo para esmagar de vez a política golpista da burguesia e da direita contra os trabalhadores no Brasil.

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