A campanha Fora Bolsonaro decretou sua falência na última semana ao decidir que não fará mais nada este ano, as coisas não parecem muito melhores para o ano que vem. O motivo de terem fechado as portas é um só: a frente ampla azedou, o povo não quis fazer a frente ampla com os direitistas que nos levaram ao atual estado de miséria.
Dizem eles que não irão fazer nada pois não há clima no Congresso para impeachment, portanto o movimento seria inútil. É saudável pensar que isso é apenas uma desculpa, que não pensam neste tipo de tolice. Nunca houve “clima” na Câmara, o presidente da Casa, Arthur Lira, sentou em cima de uma pilha de dezenas de pedidos. Bolsonaro elegeu tanto o presidente da Câmara quanto o do Senado. Tem na Procuradoria Geral da República outro engavetador. Seria uma infantilidade pensar que alguém iria convencer algumas destas cobras, ou dezenas de deputados corruptos a colocar o governo abaixo.
Uma das provas de que a coisa nunca foi séria, neste sentido, é de que o MDB, PSDB, União Brasil, PSD, os grandes partidos da direita neoliberal, nunca se declararam favoráveis ao impeachment.
O que vemos aqui não é a falta de “clima”, fosse por isso o movimento nunca teria começado, mas a falta de objetivos fisiológicos para uma parte da esquerda, notadamente PCdoB e PSOL. Eles queriam a frente ampla para terminar de selar uma integração ao regime político golpista, queriam-na até para fugir de um grande problema: não querem apoiar Lula.
Ao ver a rejeição estrondosa do povo para esta frente com vende-pátrias, viram que se o movimento continuasse, iria ser tomado pelo povo, iria se tornar um movimento que fortaleceria organizações como a CUT, e que criaria, pela mão dos trabalhadores, uma enorme corrente para impor a candidatura de Lula e derrota de Bolsonaro.
A falência deste movimento apenas mostra o motivo dos fracassos de sucessivas campanhas que foram feitas nos últimos anos: a falta de democracia no movimento.
Os objetivos desses setores são absurdos, seu tamanho no movimento é pequeno, porque agiam com tamanha audácia e como conseguiram manter estas intenções mais ou menos escondidas? Pois era um movimento onde o trabalhador não tinha voz de decisão, onde as reuniões eram secretas, onde decidia-se e defendia-se coisas que não se pode falar em público.
Um movimento de massas apenas pode ser forte se for comandado pela massa que ele levantou para luta. Precisamos reformar o movimento, fazer com os milhares de militantes e trabalhadores que compõem as lutas possam se reunir em plenárias públicas, com lugar marcado e defender a política que acharem melhor, que possam ver o movimento acontecer de verdade, que possam, unidos, derrotar as influências direitistas dentro desta mobilização. Ao dar ao povo a palavra final o movimento torna-se mais popular pois incorpora as demandas do povo, pois age como o povo. Estes setores são contra tais coisas pois não querem lutar, são contra revolucionários na sua essência e o povo, lutando pela sua existência, é profundamente revolucionário, ele quer ver as coisas mudarem, não se importa com acordos de bastidores ou candidaturas, cargos, em ser bem quisto pelos jornais.
