Do total de R$ 167,6 milhões que haviam sido previstos de orçamento regular e de emendas para o Ministério das Mulheres, da Família e dos Direitos Humanos, apenas míseros R$ 9,2 milhões foram gastos com a pasta. E de todo o valor que estava previsto para programas de proteção as mulheres no ano de 2020 foi gasto apenas pouco mais de 5%.
Entretanto, a falta de investimento nesses programas deve ser ainda maior do que esses números indicam. Isso porque tais valores se referem aos recursos comprometidos, mas o pagamento em si – ou seja, o investimento – só se efetua depois que os serviços são entregues. Ou seja, uma parte desse dinheiro ainda nem foi gasto.
Embora esse valor nos pareça uma miséria, para o ministério dirigido pela fascista Damares Alves, inimiga de carteirinha da luta das mulheres, esse valor representa 60% do que o ministério planejou gastar durante todo o ano, ou seja: para eles esse valor irrisório ainda é muito.
O governo ainda coloca a culpa na pandemia. Segundo o ministério:
“Cabe acrescentar que, devido à pandemia, a celebração de parcerias com os entes públicos — estados e municípios — e com organizações da sociedade civil ficou prejudicada, pelos diversos fatores conhecidos, notadamente, a necessidade das instituições de priorizarem ações voltadas para o enfrentamento da pandemia e o fechamento das instituições e o exercício das atividades de forma remota, dificultando acessos e contatos”.
Já foi noticiado também em várias oportunidades que mesmo com a pandemia os gastos com saúde foram minúsculos. Diante disso, é preciso questionar: se o governo não gasta com a saúde no meio de uma pandemia, se não gasta na assistência às mulheres que sofrem violências, com o que ele gasta o dinheiro?
A resposta é simples: o governo gasta com a repressão do povo, investindo valores muito maiores naquilo que costuma ser chamado de segurança pública. Segurança essa que consiste em uma máquina de matar a população pobre, negra e que não poucas vezes é ela mesma flagrada agredindo covardemente as mulheres na periferia.
A política do governo Bolsonaro nada tem a ver com a proteção das mulheres. A política do governo Bolsonaro é mandar a mulher de volta pra casa, manter o seu lugar na sociedade como escrava domestica que deve cuidar do lar e da família. A política do governo Bolsonaro é fazer com que a mulher não denuncie as agressões que sofre e muito menos ser uma despesa para o governo.