O Teatro Oficina Usyna Uzona nasce como movimento cultural A Oficina no interior do Centro Acadêmico 11 de Agosto no Largo São Francisco atuando de forma amadora entre 1958-1961 e profissionalmente até os dias hoje, com reformulações. Vanguardista desde seus primórdios, A grande companhia tem uma trajetória de 62 anos como observadora atenta e participante ativa das inovações culturais ocidentais, o que a tornou um símbolo do vanguardismo no teatro brasileiro e internacional ainda na década de 60, no momento em que o grupo estreara O Rei da Vela, de Oswald de Andrade em 1967.
Apesar de toda importante colaboração para cena cultural, na semana passada, o acervo da Cia que era situado no bairro do Bixiga na Capital foi desapropriado as pressas, em decorrência da falta de aviso prévio, após a venda do imóvel, que posteriormente cederá lugar a um novo empreendimento. Apesar das dificuldades financeiras e das restrições impostas pela pandemia à organização e atuação, José Celso busca meios de viabilizar a comunicação e a produção cultural da instituição e dos artistas, porém sem muito sucesso, pois teatro exige essencialmente um público presente e sua réplica à atuação.
O acervo contava com registros audiovisuais das peças, cadernos culturais de José Celso e colaboradores, figurinos de Lina Bo Bardi, além de documentos históricos e panfletos de época. Mediante a situação enfrentada, o dramaturgo José Celso ergueu uma campanha de doações denominada #ProtejaOTeatroOficina com o objetivo de sobreviver a crise e conseguir outro lugar para servir de abrigo ao acervo reunido pela instituição.
Os problemas enfrentados pela Oficina e pequenas companhias, que são em sua maioria independentes, e por artistas independentes refletem o descaso com a cultura em todos os níveis, já patente na dissolução do Ministério da Cultura pelo governo Bolsonaro e o apoio massivo recebido em seu projeto por parte dos demais representantes burgueses em 2019; demonstrativo da importância secundária da cultura para o governo atual.
É igualmente explícita a falta de planejamento por parte dos governos estaduais e municipais ao manter setores importantes da sociedade e já sucateados sem suporte financeiro. Inclusive é necessário alertar sobre as restrições para o funcionamento dos ambientes culturais o que pode inviabilizar financeiramente ou burocraticamente a manutenção parcial ou total das atividades, que estarão disponíveis somente com 40% de sua antiga capacidade e abertos só seis horas diárias, sem um amplo e abrangente apoio estatal anterior. Em resumo, a reabertura não resolve os problemas da cultura.
A conclusão que podemos chegar é que: longe de ser poupada ou levada em consideração, a cultura é alvo constante de ataques por parte dos governos federal, estaduais e municipais, seja pelo desmonte direto, seja pelo abandono à própria sorte. A luta dos artistas, em especial os independentes e livres das amarras burguesas, está intimamente ligada à luta contra o golpe de Estado sofrido pela presidenta Dilma em 2016, o que coincidentemente marca o inicio das ameaças e dos ataques contra a cultura. Em última instância, é luta pela a derrubada do governo Bolsonaro.