O governo Jair Bolsonaro decretou uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em toda a região Amazônica em maio do corrente ano. As Forças Armadas foram autorizadas a atuar nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Maranhão. Segundo Bolsonaro, o objetivo da GLO seria combater o garimpo ilegal e as queimadas na região.
Contudo, os movimentos indígenas e de luta pela terra estão denunciando que as Forças armadas estão agindo em prol dos interesses dos latifundiários, de forma a se posicionar a favor da garantia de seus interesses e acobertar os crimes cometidos pelas milícias paramilitares. Os órgãos governamentais e a Polícia Militar também agem em conjunto para combater os movimentos de luta pela terra.
A Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres (LCP) publicou uma nota, no dia 08 de junho, onde denuncia uma série de enfrentamentos entre os sem-terra e as polícias militares, as milícias paramilitares e os órgãos governamentais. Os camponesas reagiram às agressões das forças repressivas e, em mais uma uma ocasiões, os fizeram recuar. A resistência camponesa contou com a formação de comitês de autodefesa, bloqueio de estradas e enfrentamentos diretos com pedras. Instalações de propriedade de um latifundiário fascista foram incendiadas. O Exército está realizando ações repressivas em diversas localidades do estado de Rondônia.
A LCP afirma que a Operação “Verde Brasil 2”, iniciada em maio a partir da publicação do decreto de GLO, tem por objetivo real travar uma guerra contra o povo, especialmente contra os camponeses pobres, pequenos e médios proprietários. A militarização de toda a região é parte de um plano contrarrevolucionário preventivo traçado pelo Alto Comando das Forças Armadas. Isto é, o golpe militar estaria em andamento.
As operações militares na região amazônica autorizadas por Jair Bolsonaro visam treinar as Forças Armadas na repressão política aos movimentos de luta pela terra no campo e articular um amplo sistema repressivo com a Polícia Militar e as milícias paramilitares capaz de sufocar qualquer tentativa de rebelião popular. As Forças Armadas comprovam ser, uma vez mais, o principal sustentáculo do governo fascista, e avançam na tomada do regime político por dentro, no sentido de conquistar posições para executar o golpe militar.
É preciso organizar a mobilização das organizações de luta pela terra no sentido da formação de comitês de autodefesa nas aldeias indígenas, nos quilombos, nos assentamentos e em todos os locais para resistir à ofensiva militar. Somente o impulsionamento da campanha nacional pelo Fora Bolsonaro e contra o golpe militar pode oferecer uma saída que atenda os interesses dos trabalhadores do campo.