Por Henrique Áreas
No último dia 19, um colunista ligado ao UOL/Folha de S. Paulo, publicou texto chamado “Lives simultâneas de Roberto e Henrique e Juliano redefinem termo MPB”, elogiando as “lives” desses artistas. Essas apresentações pela internet são a nova moda com a quarentena, que começaram com artistas mostrando seus trabalhos nas redes sociais e que agora virou mais uma fonte de lucro e propaganda para a indústria da música e o monopólio da imprensa.
Segundo o colunista Leo Dias, as duas apresentações online mostrariam que há um “novo conceito de MPB”. O que explicaria tal mudança é o público massivo que vem acompanhando as “lives” desses artistas. “Parem de viver de um conceito estabelecido no passado. MPB é hoje a música sertaneja”, afirma a coluna.
Para embasar a sua genial descoberta, o colunista afirma que Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso “cantaram para a elite” e “nunca representaram a MPB”. E vai além: “as pessoas precisam parar de dizer que Chico Buarque é MPB, porque não é! Ele representa a elite, da elite, da elite”.
O especialista em dar notícias dos famosos confunde ser popular com número de visualizações no YouTube e confunde a MPB com a música apresentada pelos grandes monopólios da comunicação e da indústria fonográfica.
Se um determinado artista tem muito público isso não tem nenhuma ou muito pouca relação com a qualidade de sua música. Simplesmente tem relação com a exposição que esse cantor ou artista tem nas rádios, na TV, quanto ganham em publicidade etc. É puramente uma operação econômica.
Para a maioria da população o que é apresentado como música são os sertanejos universitários e coisas do tipo. É uma operação econômica e também política.
A música popular não tem nada a ver com números, mas têm a ver com as raízes da música no sentido de que são estilos vindos do povo.
Os nomes da MPB criticados cinicamente pelo colunista da imprensa como “elitistas” não são parte da Música Popular Brasileira porque venderam X, Y ou Z milhões de discos. Esses artistas são representantes legítimos daquilo que se convencionou chamar de MPB pois esse movimento musical trouxe à tona os ritmos, melodias e batuques genuínos do nosso povo.
Por isso são populares. A quantidade de vezes que aparecem na TV, na rádio ou o número de visualizações no YouTube não faz a menor diferença. Pelo contrário, apenas mostra que os outros é que não são populares, mas apenas seguem padrões estabelecidos pelos monopólios atrás de muito dinheiro e como tudo que é assim, vão durar pouco, são efêmeros. Enquanto isso, a MPB continua aí até hoje.