A atriz Regina Duarte assumiu nesta quarta-feira, dia 4 de março de 2020, a Secretaria Especial da Cultura do governo Bolsonaro, substituindo Roberto Alvim, demitido após divulgar um vídeo de propaganda – de um edital de incentivo às artes – onde imitava Joseph Goebbels ministro da propaganda de Hitler na Alemanha nazista.
A atriz assumiu o cargo somente um mês após aceitar o convite de Bolsonaro, período em que disse ter usado para conhecer a estrutura do órgão. Antes da cerimônia de posse a atriz exonerou seis secretários, dos quais cinco são ligados ao guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho. Dentre eles estava o maestro Dante Mantovani, que causou espanto com sua declaração de que o “rock leva ao satanismo”.
A Secretaria Especial da Cultura foi criada em janeiro de 2019 quando Bolsonaro extinguiu o Ministério da Cultura (MinC). A cultura perdeu o status de ministério para se tornar uma secretaria subordinada ao Ministério da Cidadania. Em novembro do mesmo ano quando Roberto Alvim assumiu o cargo de secretário a entidade foi transferida para o Ministério do Turismo.
A escolha de Regina Duarte para o cargo deixado vago por Alvim não poderia ser mais emblemática. A atriz é, há muito tempo, o símbolo do antipetismo. Em 2002 ela protagonizou um programa eleitoral do candidato do PSDB José Serra onde disse “eu tenho medo”, se referindo à possibilidade da vitória de Lula nas eleições presidenciais.
A atriz é, também, uma figura carimbada na defesa dos latifundiários. Segundo o Centro de Estudos Ambientais, Regina Duarte é proprietária de terras em áreas pertencentes a comunidades indígenas no Mato Grosso do Sul, entre o Brasil e Paraguai. Outros famosos proprietários de terras nessa região incluíam o apresentador de TV Ratinho e a falecida Hebe Camargo.
Essas áreas são ocupadas pelos povos Guarani Kaiowá, Guarani Ñhandeva e Terena, que vivem em barracos e lutam para reconquistar suas terras. Entre 2001 e 2018 foram 14 líderes indígenas assassinados. Somente em 2018, 38 indígenas foram mortos no Mato Grosso do Sul, conforme dados preliminares. O estado fica atrás apenas de Roraima, onde os assassinatos somaram 62 no mesmo ano.
Nessa perseguição contra os quilombolas e indígenas, Regina Duarte conta com o apoio integral de Bolsonaro, que declarou “enquanto eu for presidente não tem demarcação de terra indígena”.
Dentro da Secretaria da Cultura Regina Duarte seguirá o mesmo receituário de seu antecessor: a destruição sistemática da cultura e da intelectualidade, que toda a direita enxerga como uma das bases da esquerda. Não é à toa o ataque constante à obra de um educador de prestígio como Paulo Freire. Não é à toa o ataque ao ensino público e o desejo de privatizar todas as escolas.
Segundo um colunista do jornal O Globo, a secretária foi orientada a não liberar verbas para projetos de esquerda, especialmente aqueles com temática LGBT.
Por isso não há diferença entre ter um secretário da cultura nazista de terno ou uma secretária nazista de saia. É imperativo que o povo se organize para derrubar Bolsonaro e todos os outros golpistas de seu governo.
