O ato virtual “Direitos já” foi formado pelo consórcio político constituído por setores da esquerda oportunista: Flavio Dino (PCdoB) , Guilherme Boulos( PSOL), e Fernando Haddad ( PT); além de políticos e partidos da direita e centro direita como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Marina Silva ( Rede), Ciro Gomes ( PDT) Roberto Freire (cidadania), Rodrigo Maia (DEM). Além desses políticos, figuras como ex-presidente José Sarney e Michel Temer também foram convidados, mas declinaram de participar.
O PCdoB foi um dos principais propagadores da frente ampla, e tem feito uma intensa campanha para apresentar a aliança com a burguesia, inclusive com os promotores do golpe de 2016, como sendo a salvação da lavoura ou melhor a “defesa da democracia”. Em conformidade com essa política, o PCdoB participou do “Direitos Já” com a missão de escamotear o verdadeiro caráter do evento e distorcer a representação política dos participantes.
A presidenta do PCdoB, Luciana Samtos, ex-prefeita de Olinda no texto “Frente ampla ganha impulso e representatividade”, publicado no site Vermelho, procura exaltar o evento virtual, e, mais do que isso, alterar a verdadeira representação política das forças políticas presentes:
Evento virtual na sexta-feira (26) que reuniu um amplo leque de vozes representativas da sociedade brasileira, organizado pelo movimento ‘Direitos já’.” ( site O vermelho)
A presidenta do PCdoB apresenta um ato inteiramente dominado pela direita tradicional, em especial pelos políticos do PSDB, como sendo uma espécie de “apoteose da democracia”, que reuniu “um amplo leque de vozes representativas da sociedade brasileira”.
O Evento “Direitos já”, apesar dos promotores e da imprensa fazerem analogia com movimento “Diretas Já”, realizado em 1984, pode ser denominado claramente como o movimento “Direita já!”, seja pela quantidade de participantes seja pelo eixo fundamental do evento que nem sequer colocava o impeachment de Jair Bolsonaro.
Uma importante deformidade política é a concepção de representatividade da frente ampla. Os políticos e partidos representantes da direita tradicional, notadamente o PSDB, e figuras políticas secundárias como Roberto Freire e Marina Silva, são hoje verdadeiros cadáveres políticos, que participam da frente ampla com o objetivo de uma reciclagem política, como uma tentativa de resgate da direita tradicional e seus associados, para o que eles denominam de “recomposição do centro”. Acontece que mesmo o centro parlamentar burguês, denominado no Congresso Nacional de “centrão”, depois de carcarejar contra Bolsonaro, hoje já faz parte do governo, sendo da base dele.
Nesse sentido, qual a representatividade efetiva da frente ampla, e do “Direitos já”? Do ponto de vista político, os partidos e políticos da direita que estão participando dos “Direitos já” perderam a representação política como força popular, e procuram criar um “movimento” tão-somente para tentar enquadrar Bolsonaro, em jogada casada com outros espaços de poder da burguesia, como o judiciário ( STF). Por isso, a “unidade” é em torno de palavras vazias e abstratas como defesa da “vida” e da “democracia”.
Por sua vez, a representação da maior parte dos trabalhadores e da população está de maneira secundária ou está fora da frente ampla como a principal liderança política do país, o ex-presidente Lula e boa parte do PT.
No frigir dos ovos, a representatividade da frente ampla é uma fraude política. Os políticos burgueses da direita tradicional que participam do “Direitos já” se acotovelam para saber quem poderá cumprir algum papel político relevante, após terem perdido sua base social para a extrema-direita.
Igualmente, políticos burgueses, que usam como capital político um verniz de esquerda, como Ciro Gomes, têm como intento sequestrar a base eleitoral do PT. Finalmente, os verdadeiros cavalos de Troia da esquerda, como Flávio Dino, Boulos e Haddad, querem uma forma de acomodamento com a direita e com regime golpista, por isso fazem um jogo duplo, usam discursos de esquerda em “defesa da democracia” para colocar o movimento popular a reboque da direita golpista “opositora”.