No Rio de Janeiro, a tradicional festa da Procissão de Iemanjá foi, pelo segundo ano consecutivo, dificultada pelo prefeito direitista, Marcelo Crivella. Isso porque a prefeitura não emitiu o alvará liberando a realização do cortejo que, há anos, é feito a partir do Mercadão de Madureira, na Zona Norte, em direção à Copacabana, na Zona Sul da capital fluminense. Esse fato foi denunciado pelos organizadores do evento, que decidiram realizar somente um “circuito” no mercado, no dia 28 de dezembro.
Iemanjá é uma divindade do Candomblé e da Umbanda, religiões trazidas ao Brasil por africanos escravizados e que se tornou símbolo da cultura do povo negro no país. Considerada a rainha do mar, seus devotos aproveitavam a procissão para enviar oferendas e pedidos, jogando-os ao mar. No entanto, com o impedimento do cortejo até Copacabana, os pedidos e oferendas foram depositados em um local específico dentro do mercadão. A organização do evento garantiu que as homenagens serão levadas ao mar.
Este não foi o primeiro ataque do prefeito Crivella às manifestações culturais do povo negro. Desde o início de sua gestão, o prefeito, que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, vem procurando atacar monumentos da cultura afrodescendente na cidade do Rio de Janeiro, como no caso da interdição da Pedra do Sal, um dos maiores patrimônios da cultura africana na capital fluminense. A interdição, realizada em novembro de 2019, fez com que os eventos do Dia de Luta do Povo Negro e de Zumbi dos Palmares fossem cancelados.
Outro evento popular que vem sendo atacado pelo prefeito é o carnaval. No ano passado, Crivella junto com os vereadores golpistas aprovaram um corte de 50% nas verbas de subvenção do carnaval carioca, impedindo com isso o ensaio das escolas de samba na Sapucaí, às vésperas do carnaval. Recentemente, prefeito anunciou que as escolas de samba que desfilam na Marquês de Sapucaí não receberão subsídios da prefeitura em 2020. A medida é um ataque à Rede Globo, que transmite o desfile, mas também às comunidades que se preparam, durante todo o ano, para os desfiles de carnaval, uma das maiores festas populares do mundo.
Além disso, a repressão à população negra vem se aprofundando com o aumento no número de ataques a terreiros de Umbanda e Candomblé, com o apoio de milícias fascistas ligadas à igreja e ao tráfico de drogas.
A direita está fazendo de tudo para perseguir e destruir a cultura, especialmente as manifestações oriundas do povo negro. Bolsonaro e Crivella não apenas promovem ataques diretos à cultura, cortando verbas, como incentivam os ataques por parte de grupos fascistas. Para pôr fim a essa ofensiva, é preciso mobilizar a população para lutar pela derrubada destes governos que já sofrem com grande rejeição.