O Carnaval de 2019 já havia demonstrado uma enorme tendência de luta por parte da população, que de norte a sul do país entoou o “ei Bolsonaro, vá tomar no c*” de maneira espontânea. De lá pra cá, o canto se tornou praticamente uma consequência natural de qualquer aglomeração popular ao longo do ano, sejam manifestações políticas, festivais de música ou eventos diversos, mesmo sob forte reação contrária vinda de setores da esquerda pequeno-burguesa, que criticavam desde a posição política implícita até o uso de formas menos polidas de expressar o descontentamento.
Quase um ano depois, a tendência apontada até mesmo pela imprensa capitalista é de um Carnaval ainda mais politizado em 2020. Para esse ano, São Paulo teve um recorde de blocos registrados, 62% maior do que no ano passado e, pela primeira vez, com desfiles programados para todas as 32 subprefeituras da capital paulista e em cerca de 400 locais. Além da quantidade, o conteúdo político estará presente em blocos como o Casa Comigo, que promete tratar dos ataques realizados por Bolsonaro contra a cultura e a livre expressão artística. A Confraria do Pasmado entende que “não há silêncio possível diante do fascismo” e defende que o Carnaval seja “o lado sensato da história esse ano”. Na região central da capital, o Charanga do França anunciou desfile com estandarte “charanga anti-fascista” lembrando que “até transar virou ato político”, numa referência às declarações da ministra goiabeira.
No Rio de Janeiro também não faltará política na festa popular, tratando da clima de distopia vivido na Cidade Maravilhosa, espremida entre o cerco militar, o completo caos nos serviços públicos, a água podre e o cerco à festa pelo prefeito Marcelo Crivella, que há anos vem tentando asfixiar o Carnaval carioca. Além dos blocos, diversas escolas de samba anunciaram desfiles com temática política.
Sendo atacado há tempos pela direita, o Carnaval tem se mostrado um grande evento da luta popular pelo caráter aglutinador da festa, o que tem aumentado desde o golpe de 2016 e passado por especial radicalização no primeiro ano de governo do golpista Jair Bolsonaro. Por isso, o PCO aprovou em plenária nacional que seus militantes e simpatizantes participem da folia e aproveitem o clima extremamente propício para politizar ainda mais a festa, defendendo o fora Bolsonaro e também a dissolução da Polícia Militar, uma verdadeira máquina de matar foliões, oriundos majoritariamente da classe trabalhadora. Neste ano, todos às ruas, em defesa dessa imensa festividade popular nacional que é o Carnaval e pelo fora Bolsonaro!