Enquanto uma parcela da classe média está confinada em seus apartamentos, com um estoque de comida, álcool gel e papel higiênico, a população pobre tenta encontrar uma maneira de não morrer de fome.
Para essas pessoas, o dito home office — trabalhar da sua própria casa — não é uma opção. Caso a pessoa seja empregada, ela será demitida, caso ela seja desempregada e sobreviva de bicos ou trabalhos informais, simplesmente perderá o acesso à sua fonte de renda.
Mas ainda existe um outro problema: não apenas a perda ou paralisação total dos salários dessas pessoas, mas a paralisação total das escolas, onde a maioria dos filhos das pessoas que vivem numa situação precária lancham e almoçam.
Isso significa que, para fazer quarentena, a população pobre fica confinada nos verdadeiros caixotes que são as casas nas favelas, não tem nenhuma fonte de renda e, para não serem contaminados pelo vírus, morrem de fome.
Além disso, se nós armários da população falta comida, quem dirá produtos de higiene.
Já foi registrado que nas favelas a quarentena ordenada pela grande maioria dos governadores não está sendo cumprida justamente pela população estar passando fome. As pessoas saem de suas casas para conseguir comida ou dinheiro, seja pedindo para parentes e amigos ou tentando encontrar alguma forma de gerar uma pequena renda temporária.
O governo Bolsonaro já deixou bem claro que não fará nada quanto a isso. O único benefício que seria recebido pela população — durante 3 meses — é de uma quantia ínfima de 600 reais que foi cedido com o único propósito de conter uma grande revolta social que seria causada pelo explícito descaso do governo quanto a população, mas que, na maioria dos casos, não dará conta de sustentar os gastos com comida, remédios, aluguel, água, luz, gás e outras despesas que não estão suspensas na maior parte do país.
Não se deve esperar nada do governo Bolsonaro ou de governadores golpistas, como Doria (SP) e Witzel (RJ). A única saída é a de montar uma organização nas comunidades para que a população pobre consiga, coletivamente, enfrentar a crise.