Com o início dos conflitos abertos entre o Estado de “Israel” e as forças de libertação nacional palestinas, uma questão vem passando abaixo do radar: a situação dos prisioneiros de guerra, a maioria deles palestinos sem nenhuma ligação com a luta armada, piorou drasticamente.
Uma investigação recente lançada pela Al Mezan, uma organização não governamental de direitos humanos, mostrou que, desde 7 de outubro, após o início das operações militares genocidas que o Estado sionista lançou sobre Gaza, as forças de ocupação israelenses sequestraram mais de 3.000 palestinos em campanhas de prisão em massa. Já o Ministério de Assuntos de Detentos e Ex-Detentos Palestinos e a Sociedade de Prisioneiros da Palestina anunciaram, nesta sexta-feira (10/05), que o número de palestinos detidos pelas forças de ocupação israelenses desde 7 de outubro é mais de 8.600, a maioria dos quais foi colocada em detenção militar administrativa, sem julgamento e sem qualquer possibilidade de defesa.
Ainda em dezembro de 2023, o ministro Qaddoura Fares, vinculado ao Ministério de Assuntos de Detentos e Ex-Detentos da Autoridade Palestina, denunciou que a administração das prisões militares israelenses cortaram completamente a eletricidade dos detentos e deliberadamente cortaram a água, restringindo seu fluxo a 50 minutos por dia. Além disso, o ministério indicou que a administração prisional sionista reduziu as refeições a duas por dia. Enquanto isso, os guardas prisionais, juntamente com as unidades al-Yamam (unidades policiais israelenses de “contra-terrorismo”), realizaram incursões em diversos centros de detenção de palestinos, espancando presos em verdadeiras sessões de tortura.
De acordo com as evidências apresentadas pela ONG Al Mezan, mulheres, crianças, idosos e até mesmo palestinos com alta formação acadêmica, sem vinculo com as organizações armadas da resistência (como médicos, professores e jornalistas), foram alvos e submetidos a formas extremas de tortura. Al Mezan observou que nenhuma proteção legal foi fornecida aos detidos, uma violação flagrante dos direitos humanos e do direito humanitário internacional.
Para se ter uma ideia, apenas nas prisões de “Nafha” e “Negev” (Ketziot), cerca de 1.650 palestinos de Gaza estão atualmente encarcerados em celas solitárias. O Estado israelense utiliza de sua “lei de combatentes ilegais”, para deter, unilateral e arbitrariamente, palestinos sob “suspeita”. No entanto, o Estado sionista não permite a publicização das informações referentes aos prisioneiros e nega a eles qualquer forma de representação legal ou ajuda de órgãos internacionais.
Além disso, os palestinos detidos de acordo com a “lei de combatentes ilegais” não são considerados prisioneiros de guerra de acordo com a Terceira Convenção de Genebra ou detidos civis de acordo com a Quarta Convenção de Genebra, o que os deixa em um “limbo” legal, descobertos pela lei internacional.
Não por acaso, o Hamas conclamou as massas do povo palestino, suas diferentes organizações políticas e os jovens a impulsionar as ações revolucionárias de resistência em apoio aos prisioneiros, utilizando todos os meios necessários. Em outra declaração, o Hamas advertiu o “governo fascista israelense” contra a “continuação de sua política criminosa”, considerando as forças de ocupação totalmente responsáveis pelo bem-estar de cada prisioneiro e detento. E advertiu: a escalada das políticas agressivas da administração prisional israelense contra prisioneiros e detentos “resultará em mais explosões diante da ocupação”.
Os abusos aos direitos humanos dos prisioneiros palestinos, perpetrados pelo Estado israelense não são novidade, nas prisões de “Ashkelon” e “Ofer“, 300 palestinos, incluindo 10 crianças, estão presos. Um advogado da Al Mezan conseguiu visitar 40 detentos e fornecer detalhes sobre os maus-tratos a que foram submetidos. Os relatos revelaram que os detidos foram forçados a se despir, tiveram os olhos vendados e as mãos amarradas. Eles também foram submetidos a abusos físicos, privação de sono e fome deliberada como forma de punição coletiva.
Além disso, a possibilidade de execuções sumárias são um medo constante na vida dos prisioneiros palestinos e suas famílias, como no caso do mártir Abdel Rahman Marei, que foi torturado até a morte em uma prisão israelense.
A dura realidade dos palestinos submetidos ao jugo do Estado israelense é o oposto da experiência dos prisioneiros israelenses detidos pelas forças de resistência palestina nas ações de 07 de outubro. Muitos dos israelenses e outros nacionais que foram detidos e, posteriormente, libertados pelas forças de libertação nacional palestinas, relataram como foram tratados de forma humana, apesar da necessária violência aplicada para garantir o sucesso da operação. Muitos deles, que necessitavam de uso de medicamentos contínuos (como insulina), tiveram acesso ao que a maior parte do povo palestino é negado pela força de ocupação israelense.
Ironicamente, grande parte dos capturados pelo Hamas e outras forças de libertação nacional palestina, foram executados pelas mãos do Estado sionista. Tais mortes ocorreram tanto indiretamente, através de bombardeios aéreos e de artilharia que visavam alvos palestinos e, acidentalmente atingiram os locais onde os cativos eram mantidos; como também pela intencional execução desses cativos seguindo o protocolo Aníbal, que preconiza a necessidade de eliminar reféns que não podem ser imediatamente resgatados, para que o inimigo não seja capaz de utilizá-los em futuras trocas de prisioneiros.
O mais chocante é que, apesar dos cativos capturados pelo Hamas serem melhor tratados que os detidos palestinos, o Estado sionista, diferentemente do Hamas, é um Estado, com todas as responsabilidades que um Estado possuí. Mesmo assim, as garantias alardeadas pelos parceiros de “Israel”, como os EUA e a União Europeia, são flagrantemente ignoradas quando se trata da população palestina. Neste caso, os sionistas não possuem qualquer preocupação com a preservação dos direitos humanos.