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Direitos democráticos

Imperialismo e a ofensiva contra liberdade de expressão – Parte 3

Conforme a revista britânica The Economist, porta-voz da burguesia imperialista, “a desinformação é um problema abrangente, exigindo ação coordenada de muitos setores da sociedade”

Chegamos ao terceiro artigo da série sobre a campanha do imperialismo contra a liberdade de expressão. Na primeira matéria que este Diário publicou, foi exposto que a revista britânica The Economist, porta-voz da burguesia imperialista, entende que o imperialismo, para censurar informações contrárias a seus interesses, deve estabelecer uma coordenação entre “pesquisadores acadêmicos, ONGs, empresas de tecnologia, veículos de imprensa e agências governamentais” para que atuem rastreando essas informações para fins de censura. 

Em uma das publicações da The Economist, a revista já deixa claro que esse processo já está em marcha, citando um já existente esforço coordenado entre acadêmicos, ONGs, e órgãos governamentais (incluídas agências de espionagem) para notificar as plataformas de tecnologia donas das redes sociais sobre publicações contendo desinformação (ou seja, informações contrárias aos interesses imperialistas):

“Em muitos países, acadêmicos, grupos da sociedade civil, governos e agências de inteligência sinalizam postos ofensivos para plataformas tecnológicas, que também têm os seus próprios esforços internos. A Meta, por exemplo, coopera com cerca de 100 organizações independentes de verificação de fatos em mais de 60 línguas, todas elas membros da Rede Internacional de Verificação de Fatos, criada pelo Poynter Institute, um grupo norte-americano sem fins lucrativos”.

A The Economist também expõe outro terreno em que o imperialismo atua para censurar informações que lhes são contrárias. Diz que “várias organizações e governos trabalham para melhorar a alfabetização midiática”. A revista britânica não explica o que seria “alfabetização midiática”, mas podemos presumir: ensinar crianças e jovens (ou mesmo adultos) a identificar, na Internet, informações contrárias ao imperialismo e denunciá-las às plataformas (ou mesmo ao Estado, eventualmente).

Exemplificando a tal “alfabetização midiática”, a The Economist cita o exemplo da Finlândia, que “é famosa pela sua iniciativa nacional de formação, lançada em 2014 em resposta à desinformação russa”. Por “desinformação russa”, deve-se entender a denúncia que o governo da Rússia fez contra o regime golpista ucraniano, que resultou do Euromaidan, golpe de Estado iniciado pelos EUA contra a Ucrânia em 2013 e consumado em 2014. Este golpe levou ao poder um regime que tem como base de sustentação milícias armadas nazistas, e desencadeou uma guerra contra a própria população ucraniana no leste do país, resultando na morte de pelo menos 14 mil pessoas. Para a The Economist, a Rússia espalhou desinformação ao denunciar isto, e o exemplo da Finlândia, ao censurar as informações divulgadas por órgãos de imprensa russos, seria um dos exemplos a serem seguidos.

A revista britânica ainda diz que a “alfabetização midiática também pode ser ensinada através de jogos. A Tilt Studio, da Holanda, trabalhou com o governo britânico, a Comissão Europeia e a OTAN para criar jogos que ajudem a identificar conteúdo enganoso”. Novamente, o imperialismo utilizando crianças e jovens para fazer o seu serviço sujo.

Contudo, apesar de o processo de coordenação para viabilizar o aprofundamento da censura no mundo já estar em andamento, há obstáculos a serem superados pelo imperialismo.

Segundo aponta a The Economist, uma dificuldade para rastrear as informações que o imperialismo precisa censurar para manter sua ditadura é que é preciso que os atores envolvidos no processo de coordenação (ONGs, acadêmicos, pesquisadores, autoridades governamentais) tenham acesso aos bancos de dados das grandes plataformas de tecnologia que gerenciam as redes e aplicativos de mensagens (afinal, é através delas que as informações inconvenientes circulam). Contudo, isto não ocorre:

“Um grande obstáculo para os pesquisadores é a falta de acesso a dados. Os melhores dados não estão disponíveis ao público, mas estão em redes privadas […].”

Exemplificando, cita a Meta e o X, as quais, apesar de serem monopólios imperialistas, dificultam o acesso aos dados necessários para os pesquisadores detectarem informações contrárias ao imperialismo e entender como é que essa informação é propagada.

“A coleta de dados relevantes está se tornando mais difícil – após Elon Musk comprar o Twitter (agora X) em 2022, a empresa encerrou o sistema gratuito que permitia a qualquer pessoa baixar informações sobre postagens e contas, passando a cobrar milhares de dólares por mês por tal acesso aos dados. O Meta afirmou em março que estaria aposentando o CrowdTangle, sua ferramenta de monitoramento de plataformas que permite que cientistas, jornalistas e grupos da sociedade civil acessem dados, embora a empresa afirme que acadêmicos ainda podem solicitar acesso a certos conjuntos de dados. Tais mudanças têm prejudicado seriamente a capacidade dos pesquisadores tanto para detectar desinformação quanto para entender como ela se espalha.”

Diante de situações assim, a burguesia imperialista, através da The Economist, diz que é necessário que os países tenham leis que obriguem as empresas de tecnologia digital a fornecerem os dados sobre a circulação de informações, citando como exemplo a Lei de Serviços Digitais da União Europeia, que passou a vigorar em fevereiro de 2024:

“Os reguladores estão agindo para tentar preencher essa lacuna – pelo menos na Europa. A Lei de Serviços Digitais (DSA, na sigla em inglês) da UE, que entrou em vigor em fevereiro, exige que as plataformas disponibilizem dados para pesquisadores que estejam trabalhando na mitigação do ‘risco sistêmico’ para a sociedade.”

Em comparação com o velho continente, a The Economist ainda nota que, nos Estados Unidos, os “esforços para combater a desinformação” (avanço da política de censura do imperialismo) têm dificuldades em progredir. Segundo a The Economist, enquanto que a censura tem necessidade do “esforço coordenado de técnicos de plataformas, acadêmicos, agências governamentais, grupos da sociedade civil e organizações da imprensa”, esse esforço é visto, “principalmente por aqueles de direita, como evidência de uma conspiração entre todos esses grupos para suprimir vozes e pontos de vista específicos”.

Contudo, a revista britânica nota que esse cenário pode estar mudando, e graças à Suprema Corte dos EUA. Citando o caso Murthly v Missouri, a The Economist noticia que “nas últimas semanas, durante as sustentações orais do caso, a maioria dos juízes da Suprema Corte expressaram apoio em relação aos esforços dos governos, pesquisadores e plataformas de mídia social trabalharem juntos no combate à desinformação”.

Não bastando, o governo dos EUA também “anunciou uma colaboração internacional com agências de inteligência do Canadá e do Reino Unido para conter a influência estrangeira nas mídias sociais […], indo além das abordagens de ‘monitoramento e relatório.

Considerando os Estados Unidos e a relativa liberdade de expressão que ainda existe no país, a The Economist cita Taiuã com o exato oposto, isto é, como exemplo de como a “luta contra desinformação”, ou melhor, a censura, deve ser feita. “Taiuã é o padrão de ouro”, diz especialista citada pela revista. E a burguesia imperialista assim o considera, pois “seu modelo envolve uma colaboração estreita entre grupos da sociedade civil, plataformas de tecnologia, governo e mídia. Quando a desinformação é identificada por organizações de verificação de fatos, elas informam as plataformas de tecnologia – e, quando apropriado, ministérios do governo também emitem refutações rápidas ou correções. O governo também promove a alfabetização midiática, por exemplo, incluindo-a no currículo escolar“.

No entanto, a The Economist reconhece as dificuldades de fazer com que o modelo de Taiuã funcione em um país grande e que não tenha um “adversário óbvio” (China, no caso).

Um país grande, por exemplo, seria o Brasil. Não coincidentemente, a revista britânica cita o País. Ela afirma que, apesar de o Brasil ter recebido comendas de “observadores” pela forma agressiva com que lidou com a “desinformação” durante as eleições de 2022, “o que envolveu a cooperação entre grupos da sociedade civil e plataformas de tecnologia – e a supervisão de um juiz da Suprema Corte que ordenou a suspensão de contas de mídia social de políticos e influenciadores cujas postagens, em sua opinião, ameaçavam o processo”; faz a ressalva de que o juiz (Alexandre de Moraes) foi criticado tanto dentro, quanto fora do Brasil por ter exagerado na dose, citando que o ministro está envolvido em “disputa legal” com Elon Musk. O que faz com que a “luta contra a desinformação” no Brasil não tenha sido exatamente como o imperialismo planejava.

Dessa maneira, o problema de como fazer a censura avançar ainda precisa ser resolvido pelo imperialismo. Como diz a The Economist,a desinformação é um problema abrangente, exigindo ação coordenada de muitos setores da sociedade”. De fato, a divulgação de informações contrárias aos interesses do imperialismo é um problema, como bem podemos ver no caso da Palestina, em que as informações sobre o genocídio vêm sendo fundamentais para acabar com a imagem do Estado de “Israel” e, consequentemente, a ditadura imperialista no Oriente Próximo, perante a população mundial.

Por isto o imperialismo precisa contê-la. E a contenção só é possível através de métodos ditatoriais, com ação coordenada de vários atores, como propõe a The Economist.

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