Os governos golpistas têm se aproveitado da crise do coronavírus para avançar nos ataques ao ensino público. A implementação do Ensino à Distância (EaD) é um dos mais recentes ataques.
O EaD é uma forma dos governos cortarem gastos na área da educação, como demonstram as medidas propostas pelas administrações tucanas de Bruno Covas e João Doria em São Paulo. A questão fundamental é que, uma vez que seja aceita a proposta de EaD no período de crise, cria-se uma justificativa para avançar após a pandemia. Os governos vão alegar que o projeto “deu certo”.
Não há disponibilização de equipamentos adequados aos alunos e professores, como internet, tablets e computadores, mesmo que fosse para a implementação emergencial de qualquer medida deste tipo. Os equipamentos ficam por conta de cada um, o que impede que a esmagadora maioria dos alunos, e, em especial os mais pobres, tenham condições de estudar. A maioria das escolas públicas do Estado e da capital paulista não oferece qualquer infraestrutura para o ensino EaD. Isso sem contar o caos que, uma vez mais, impera nas redes de ensino.
O que é ainda mais problemático é o objetivo de avançar em um modelo de ensino que seja mais barato e onde não haja gastos com material escolar, custeio de infraestrutura (manutenção predial, água, luz, limpeza), pagamento de professores, funcionários e equipe pedagógica, merenda escolar e programas pedagógicos para monitorar a qualidade do ensino e propor melhorias. O projeto EaD significa um princípio de meritocracia, onde cada indivíduo – abstraindo das condições econômicas e sociais marcadas pela profunda desigualdade – seria responsável pelo seu próprio estudo, sem qualquer política de Estado para a educação.
Neste de projeto de educação neoliberal proposto pelos tucanos, com apoio do FMI e do Banco Mundial, se o indivíduo não tem condição, o problema é único e exclusivo dele. Quem teve o azar de nascer pobre, que amargue as consequências de sua falta de sorte. A sociedade e o Estado não farão qualquer esforço para que este tenha condições de ter uma educação de qualidade e se apropriar dos conhecimentos políticos, filosóficos, técnicos e científicos produzidos pela humanidade.
O EaD também significa que recursos do orçamento público serão repassados para as empresas privadas que atuam nesta área e que fecham vultuosos contratos com o Estado, com a disponibilização das plataformas online. Caso da Fundação Lemann e diversas outras. O que evidencia que trata-se de uma farsa, produzida para encher os bolsos dos grandes capitalistas, que não têm qualquer tipo de preocupação com a educação do povo.