O caos da saúde do Amazonas tem novos desdobramentos. Após o colapso da saúde pública anunciado recentemente pelo governo estadual, o rastro de destruição provocado pela incompetência e descaso dos governos perante o Coronavírus se alastra pelo interior.
O Estado do Amazonas tem como característica o difícil acesso a parte dos municípios. Muitos destes encontram-se em locais acessíveis apenas via fluvial e aérea. Portanto, as ações de combate à pandemia na região exigem ainda mais organização dos órgãos públicos.
Entretanto, o governo do Amazonas mostra, continuamente, ser incapaz de lidar com os problemas. Faltam lanchas para entrega de materiais e a logística encontra-se bastante comprometida. Os voos fretados aumentaram de preço. Isto revela uma extorsão criminosa dos capitalistas, que se aproveitam da crise para lucrar em cima da população.
O Conselho dos Secretários Municipais de Saúde do Amazonas (Cosems) pediu ajuda ao Ministério da Defesa, através de políticos do Pará (estado vizinho ao Amazonas), pois estão com total escassez de recursos, como EPIs e testes.
O Ministério da Defesa afirma não ter recebido a solicitação.
O governo do Amazonas se defende dizendo que os municípios foram, sim, assistidos pelo envio de EPIs e a disponibilidade de aeronaves para transporte de pacientes.
Tem-se, aí, uma contradição clara entre os diferentes atores. Um jogando a culpa para o outro. Fica bastante óbvio que quem sofrerá com esse bate-boca entre demagogos, com a intenção de provocar confusão, é a população mais carente.
Enquanto a situação é grave e desesperadora, os governantes ficam nesse jogo de enganação com o intuito principal de desmobilizar a população através de informações contraditórias. Esta desinformação cria confusão entre a população e dificulta sua organização.
Em alguns municípios do Amazonas, tem-se a situação indígena. Muitas tribos vivem em regiões onde não há rápido acesso a serviços de saúde e, muito menos, leitos de terapia intensiva. Nazaré Silva, Secretária de Saúde de Amaturá, relatou, ao UOL, que 50% da população indígena do município está altamente vulnerável.
O que se tem no Amazonas é um exemplo didático dos resultados das políticas neoliberais adotadas no país inteiro. A tendência é algo similar ocorra nos demais estados da federação, especialmente nos mais pobres.
Em resumo, os governos se mostram indiferentes ao sofrimento da população. E, para que esta não se mobilize, adotam discursos contraditórios entre si para disfarçar o fato que estão unidos na política de ficar de braços cruzados.
No Amazonas, a (falta de) política ainda possui o intuito de utilizar a crise para exterminar a população indígena. Cabe lembrar que o estado, assim como muitos outros, é local de conflitos por terras de madeireiros, garimpeiros e latifundiários contra a população indígena. Assim, o extermínio ou, pelo menos, enfraquecimento dos números de indígenas beneficia diretamente os capitalistas.
Portanto, é necessária a mobilização de toda classe trabalhadora para pressionar as autoridades a terem uma política séria. Sem isto, o povo ficará refém da política genocida da direita e de seus patrões capitalistas.