Nas eleições legislativas israelenses da última segunda-feira (2), o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu conseguiu uma vitória importante. Com 90% dos votos apurados – quando fechávamos esta edição – Netanyahu obteve 59 dos 120 assentos da casa. O bloco que apoia o atual primeiro-ministro israelense é formado por partidos conservadores e ortodoxos, sendo que o Likud, que é diretamente liderado por Netanyahu, obteve 36 desses 59 votos.
Essa é a terceira vez no último ano em que o parlamento isralense realiza eleições com vistas a formar um governo. Na última tentativa, o Likud havia obtido apenas 32 votos, e o bloco pró-Netanyahu, 55. Nesse sentido, as últimas eleições representaram um avanço, ainda que artificial, da influência de Netanyahu.
Embora o resultado tenha sido comemorado por Netanyahu, ainda não se sabe se os votos serão suficientes para garantir que o primeiro-ministro obtenha a maioria. Em caso contrário, terá de fazer um acordo com a legenda Yisrael Beiteinu, do ex-ministro Avigdor Lieberman, que possui sete cadeiras no momento. Após as últimas eleições israelenses, Lieberman havia se recusado a integrar o governo de Netanyahu. Embora também seja de direita, Lieberman é considerado uma liderança “secular”, o que dificulta a aliança com os ultraortodoxos.
Se por um lado Netanyahu obteve uma importante vitória parcial para o imperialismo, as condições em que essa vitória foi conquistada revelam uma crise de enormes proporções na região. Afinal de contas, essa foi a terceira tentativa de formar um governo — e mesmo assim, há a possibilidade de Netanyahu não conseguir governar sozinho. Além disso, Netanyahu se encontra em um profundo desgaste, enfrentando inclusive denúncias de corrupção — indício de que há uma parcela da burguesia israelense em contradição com o primeiro-ministro.
As dificuldades que Netanyahu vêm passando são resultado da crise do imperialismo, que se agudiza em todo o mundo, particularmente a crise no Oriente Médio, que se agravou ainda mais no início do ano com o assassinato do general Qasem Soleimani. Israel é o principal enclave do imperialismo na região, é um Estado artificial criado de maneira criminosa pelo imperialismo para interferir diretamente e ameaçar de todas as maneiras os povos árabe, palestino, turco, persa e demais. Na medida em que a direita vai perdendo o controle da situação em Israel, o controle do imperialismo no Oriente Médio ficará ainda mais débil.