As manifestações já ocorridas e as previstas para o próximo final de semana são a evidência concreta de que existe uma tendência real dos trabalhadores, da juventude e dos explorados em geral a ir às ruas pelo “Fora Bolsonaro”, contra o fascismo, contra o desemprego e pelo direito à vida diante do avançar da pandemia.
A situação de conjunto já vinha em um processo constante de degradação. Com o coronavírus, em apenas 3 meses, a economia foi parar no fundo do poço. De acordo com os últimos dados apresentados pelo IBGE, mais 50% da força de trabalho no País está desempregada. Outros quase 8 milhões de trabalhadores estão com seus contratos de trabalho suspensos ou com diminuição dos salários. A cada dia, um novo contingente de trabalhadores fica desempregados. O governo já anunciou que vai cortar o miserável abono de R$600, 00 ou diminuí-lo pela metade.
Nas periferias das cidades, o avanço da pandemia é generalizado. Em números oficiais, o total de contaminados já se aproxima de 1 milhão, com quase 50 mil mortes. A população trabalhadora não tem para onde correr. De um lado está contaminação e a morte e do outro o desemprego e a fome. Dezenas de categorias estão expostas ao risco diário do contágio. Os governos federal, estaduais e municipais preparam a normalização total da atividade econômica, quando sequer o País foi atingido pelo pico da pandemia.
O desemprego, a pandemia, aliados à política de brutal ataque do governo de extrema-direita de Bolsonaro e de seus consortes nos Estados, mantém a política de constante extermínio das comunidades pobres das cidades. A cada dia, bandos fascistas promovem ataques contra pessoas indefesas. A cada dia, uma nova MP do governo federal, novas emendas no Congresso Nacional ou julgamentos no Superior Tribunal Federal retiram mais e mais direitos dos trabalhadores, como a recente oficialização pelo STF da lei de terceirização total.
É esse caos generalizado que está impulsionando as mobilizações. O povo não aguenta mais. Na contra-mão da reação popular, a esmagadora maioria dos sindicatos do País continuam de portas fechadas. É um verdadeiro absurdo que metalúrgicos, bancários, trabalhadores dos correios, petroleiros, comerciários não possam contar com o apoio de suas entidades em um dos momentos mais cruciais da luta de classes no Brasil. Em uma situação em que os patrões e seus governos têm uma política deliberada de descarregar a crise sobre os trabalhadores, mais do que nunca os sindicatos deveriam estar com as portas abertas para fazer frente à ofensiva patronal e à dos governos fascistas, a começar pelo de Bolsonaro.
Nada se pode esperar de Força Sindical, UGT, e outras centrais patronais; mas da CUT, construída na luta contra a ditadura, e que tomou os sindicatos das mãos dos pelegos e se transformou em uma das maiores centrais sindicais do mundo, com mais de 4 mil sindicatos filiados, isso é inadmissível.
Com os sindicatos fechados, milhares de trabalhadores estão se manifestando contra o governo por meio das torcidas enquanto os sindicalistas apenas “torcem” pelas mobilizações.
A política de confinamento, quando a esmagadora maioria da população está nas ruas trabalhando, lutando pela sobrevivência, demonstra que o único papel progressista para a atual etapa é mobilizar a população, os trabalhadores. A luta contra o coronavírus e pela vida não é uma luta individual, mas de classe. Os explorados só poderão sair vitoriosos dessa luta com a derrota dos governos da morte.
A CUT e os sindicatos precisam “entrar em campo”, abandonar a “quarentena” política e mobilizar-se nas ruas pelo “Fora Bolsonaro” e pelas reivindicações dos trabalhadores diante da crise.