A medida provisória 910/2019 avança no Congresso Nacional em regime de urgência. Qualquer cidadão com o mínimo de bom senso, ao ler a primeira frase deste texto, em meio a uma crise histórica de saúde mundial, pensaria se tratar de alguma ação para acabar com o sofrimento do povo trabalhador que não tem outra opção que não o trabalho em meio ao vírus. Ou de alguma solução para apoiar as famílias que perderam toda a renda por não poderem trabalhar nas ruas.
Porém, em se tratando de “democracia” burguesa, os “representantes do povo” não são menos do que prepostos da burguesia amante do capital que sempre defendeu e sempre irá defender seu patrimônio com canibalismo extremo. Patrimônio este conquistado à base da exploração de uma maioria que só recebe o mínimo necessário para sua sobrevivência. Este é o capitalismo.
A media provisória publicada em dezembro de 2019 prevê que um posseiro, ou seja, um invasor ilegal de terras, possa se autodeclarar dono de até 1.650 hectares de terras na Amazônia. O argumento de quem defende a medida é a de que ela servirá para regularizar a propriedade de terrar de vários pequenos produtores. Porém, essa é uma medida de destruição da floresta em benefício de grileiros e desmatadores que começaram o processo de invasão de terras alguns anos atrás já na esperança de que o governo golpista e fascista fosse apoia-los posteriormente, e é isso o que está acontecendo.
A grilagem de terras aumenta os conflitos e é responsável pela destruição dos recursos naturais da Amazônia. Trata-se de mais uma ação contrária aos interesses nacionais. Esse é um governo que responde diretamente ao imperialismo, em especial ao norte-americano. E, como tal, deve ser derrubado.
Este é um momento em que a esquerda nacional se encontra totalmente perdida, sem um programa para a crise do coronavírus. Sem fazer uma verdadeira oposição, confunde o povo que se vê obrigado a concordar com indivíduos repugnantes da direita como João Doria, Ronaldo Caiado ou Osmar Terra. Existe um falso antagonismo criado entre o isolamento, defendido pelos governadores, e a necessidade do trabalho para a não falência da economia, defendida pelo presidente da República. Tal embate serve como cortina de fumaça para os verdadeiros problemas (falta de testes, falta de vontade política, negligência com a população) e coloca à população a escolha entre a extrema direita e a direita.
Ao se aproximar cada vez mais da direita, a esquerda perde identidade e cai no lugar comum da “farinha do mesmo saco” que a população tanto cita. Ao recusar o “Fora, Bolsonaro”, os dirigentes da esquerda nacional se colocam no mesmo caminho da direita, aguardando os passos dados pelos golpistas para poder ir atrás. Tal postura é claramente um movimento de temor eleitoral, pois estão acostumados a ganhar eleições apenas após acordos com a direita.
O “Fora, Bolsonaro” é a única solução para os inúmeros ataques que são deflagrados contra o meio ambiente, o emprego, os serviços públicos e os benefícios sociais.