O Estado e a Funai, que outra vez, se omitem de apurar assassinatos contra populações indígenas, sequer tem como política defender e demarcar as terras indígenas, fundamentais para a preservação dessas etnias que se encontram em total abandono, sem condições mínimas de saúde, alimentação e preservação cultural.
É sabido que os conflitos de terra remontam ao início da colonização europeia e até hoje não houve por parte dos governantes disposição de resolver. Quem não se lembra dos conflitos entre pequenos agricultores e latifundiários onde sempre os perdedores foram os pequenos agricultores e indígenas que além das terras, também perderam a vida.
Todos os países que fizeram a revolução burguesa, realizaram quase que de imediato a reforma agrária, fundamental para o desenvolvimento do sistema capitalista uma vez que latifúndios geram produções voltadas para a exportação e não privilegiam mercados internos, prejudicando a acumulação de capital interna com a escassa produção de alimentos necessários à manutenção da classe operária e não criam condições para o desenvolvimento de indústrias que são o carro chefe para o desenvolvimento burguês.
Na ânsia por aumentar o espaço da terra para cultivo, em geral de produtos para exportação, como milho, algodão e soja, além de extração de minérios, os latifundiários não respeitam terras demarcadas, invadindo e tomando a força de bala. Esse é o quadro do campo no país que se arrasta ao longo de séculos, com total apoio do governo. Os últimos levantamentos sobre a situação da propriedade fundiária datam de 1975 mais ou menos e até hoje não foram atualizados, sendo que naquela época a concentração da propriedade já era gigantesca. A consequência dessa situação é a fome, miséria e várias doenças que afetam os pequenos agricultores, indígenas, trabalhadores do campo e das cidades.
Vê-se que não podemos esperar nada de governos capitalistas, que já provaram que não ter intenções de resolver o problema da posse e propriedade da terra, não se importam com a população que vier a morrer em função do problema, resta-nos então como resposta à crise a criação de movimentos de união dos povos indígenas e camponeses, formando comandos de proteção e vigilância garantindo que sejam respeitadas as atuais demarcações, desfazer atos que levaram a perdas de territórios ao longo dos últimos anos, deliberar políticas de garantias mínimas de sobrevivência, lutar pela reforma agrária com o fim dos latifúndios, visando a extinção da propriedade privada da terra e dos meios de produção.
Não podemos esperar que o Estado ou a Funai resolvam a situação, já deixaram claro que não farão, devemos nos organizar para conquistar melhores condições de vida, ou sofreremos as consequências de um estado burguês fascista que permite tudo à elite e tira tudo o que puder do trabalhador seja do campo ou da cidade.