O jornal O Estado de S. Paulo divulgou através de apuração junto ao Sistema Integrado de Administração Financeira (Siaf) que desde o dia 02/04 a Funai passou a dispor de exatos R$ 10,8 milhões, em caráter emergencial, para desenvolver ações de combate à pandemia do COVID-19 junto às populações indígenas.
Mantendo o padrão de desserviço que a fundação vem desempenhando desde a eleição fraudulenta de 2018, o órgão não chegou a movimentar nem mesmo uma mínima fração do valor, que já é pequeno para fazer frente à situação.
Isso mostra que nem mesmo quando o atual governo, inimigo declarado dos povos nativos do Brasil, se vê obrigado a destinar recursos para dar condições mínimas de sobrevivência à população, seus órgãos atuam de fato neste sentido. Vale lembrar que a Fundação Nacional do Índio (Funai) está subordinada ao Ministro da Justiça e Segurança Pública, um dos principais agentes que possibilitaram a eleição de Bolsonaro, Sérgio Moro.
Além disso, o posto de presidente da Funai é ocupado atualmente por um delegado da Polícia Federal ligado à bancada ruralista, Marcelo Augusto Xavier da Silva. Em seu currículo como delegado consta, por exemplo, ter sido afastado de uma operação que deveria expulsar invasores de uma terra indígena, justamente por suspeitas de que estava atuando em colaboração com os invasores.
Resistir ou combater?
No começo da crise sanitária, uma série de comunidades indígenas passou a fechar os acessos aos seus territórios, chegando a bloquear estradas que cortavam seus terras. A resposta da Funai foi aderir à campanha “O Brasil não pode parar”, elaborando materiais de propaganda para que os indígenas não bloqueassem vias.
Compromissado com tudo que há de mais sujo na política e na economia brasileira, desde que assumiu a presidência Bolsonaro deu carta branca às invasões de territórios indígenas, fato que ganhou destaque internacional quando as queimadas na Amazônia saíram do controle.
A “resistência” parlamentar contrasta com o aumento desenfreado dos assassinatos de lideranças indígenas e lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Para quem sangra, esta política não tem nada a oferecer.
Enquanto a esquerda parlamentar aposta todas as suas fichas na política de “resistência”, propondo uma ou outra medida, uma ou outra troca de ministros, o rolo compressor do governo de extrema direita esmaga a população brasileira. Chegam ao cúmulo de defender uma figura nefasta como o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, responsável por afastar os médicos cubanos do Programa Mais Médicos, justamente os profissionais que se dispunham a atender as populações nativas, que passaram a ficar quase que completamente desassistidas.
Não é possível chegar a um acordo para salvar a população com os maníacos que estão no poder. Para barrar o avanço da pandemia em meio aos indígenas é preciso lutar pela derrubada do governo, é preciso impulsionar a campanha pelo “Fora Bolsonaro”.