Estamos indo para a terceira semana de quarentena e cada dia que passa aumenta a indignação contra o governo Bolsonaro. Não é nenhuma novidade, Bolsonaro foi alvo de protestos desde o primeiro carnaval após sua eleição, desde então foi só ladeira a baixo. É difícil defender o argumento de que Bolsonaro é popular, ficou claro para todos que sua eleição não foi nada mais do que a continuação do golpe que derrubou Dilma e prendeu Lula.
Os setores que antes não se pronunciavam pela saída do presidente, alegando que este foi eleito pelo voto e, portanto, deveríamos respeitar o processo eleitoral – processo que já havia sido assassinado junto a constituição -, agora não conseguem dizer outra coisa que não seja Fora Bolsonaro. Mas o que falta para o presidente sair ? A resposta é a mesma de sempre: um mobilização popular.
A mesma esquerda que só defende o Fora Bolsonaro agora faz um apelo para o centrão para que este derrube o presidente. Caberia a Maia e Alcolumbre essa empreitada. A esquerda deixa às instituições, as mesmas que foram essenciais para assegurar todos os aspectos do Golpe, a principal missão do momento.
O problema de ficar a reboque dos golpistas é principalmente que estes não são oposição à Bolsonaro, pelo contrário a não ser por uma divergência entre forma e método ambos tem o mesmo programa para o Brasil. Ainda não derrubaram o Bolsonaro, mesmo este não tendo um pingo de apoio popular, porque não acharam alternativa melhor para colocar no lugar.
A divisão dentro da burguesia é enorme neste momento, mas os militares, que ocupam os mais importantes cargos dentro do poder executivo desde o governo Temer, seguram firmemente as pontas. O próprio Villas Boas deixou claro, o alto comando dos militares quer Bolsonaro no governo. A câmara e o senado não farão outra coisa a não ser seguir a decisão dos generais.
Para derrubar Bolsonaro, somente organizando uma enorme mobilização popular.
Por mais que a esquerda aponte a quarentena como única política a ser adotada nesse momento, devemos por em andamento essa mobilização pelo bem dos trabalhadores. Ficar na mão do Bolsonaro transformará a pandemia numa desastre jamais antes visto. Qualquer medida para combater a pandemia e a enorme recessão econômica que está por vir passa pela derrubada o governo.
Não será possível fazer isso se nos colocarmos a reboque de Maia, Witzel, Doria e outros representantes da burguesia. É preciso transformar os panelaços em plenárias dos trabalhadores, greves e atos para derrubar o Bolsonaro.