Com a pandemia do coronavírus, a burguesia aproveitou a oportunidade macabra para colocar nacionalmente em prática seus planos de privatização da educação em todos os níveis, do básico ao superior, utilizando o EAD (ensino a distância), em alguns locais chamado eufemisticamente de Ensino Remoto Emergencial (ERE).
No Instituto Federal de Brasília (IFB), as aulas desse formato começaram a contabilizar presença dos alunos a partir da última segunda-feira (3/8). No entanto, a retomada do calendário acadêmico é motivo de total rejeição entre alunos e entidades representativas.
Estudantes são contra os ataques
De acordo com o estudante de tecnologia em agroecologia Flávio Rocha, do campus de Planaltina, o retorno demonstra desrespeito aos artigos constitucionais que garantem qualidade e universalização do ensino e formação profissional.
“Eu moro em área rural, a conexão aqui é horrível”, denuncia. “Eu me submeti ao edital de recursos tecnológicos e não fui contemplado”, conta. Flávio conta apenas com um celular pouco tecnológico, situação que certamente afeta muitos outros estudantes.
FENET defende suspensão das aulas
A Federação Nacional dos Estudantes em Ensino (Fenet) é a favor do adiamento das aulas.
“A decisão foi tomada sem que se fosse feito um amplo debate com o conjunto da comunidade acadêmica, sem uma pesquisa com o perfilhamento socioeconômico dos estudantes”, comenta Caio Sad, coordenador geral da Fenet e estudante do curso técnico em serviços públicos do IFB.
Segundo Caio, os equipamentos prometidos pelo edital de inclusão digital ainda não chegaram aos alunos. “A gente defende que se suspendam os calendários e as aulas só voltem quando todos os estudantes tiverem acesso e possam escolher se, realmente, vão fazer de forma remota ou não”, afirma.
Professores também denunciam
O Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) pediu pelo adiamento, através de uma petição pública, do retorno do calendário acadêmico do IFB. Até a semana passada, a meta era chegar às 500 assinaturas. Agora, o documento on-line conta com mais de 1.120 assinaturas de pais, alunos, professores e sociedade civil.
“Continuamos nesta luta. Hoje, vamos entregar esse documento ao Conselho Superior (Consup) e esperar que ele se reposicione. Caso a resposta seja negativa, podemos convoque uma assembleia para fazer um debate sobre a questão da greve”, afirmou Camila Tenório Cunha, coordenadora docente da sessão Brasília do Sinasefe.
Segundo a coordenadora, a principal preocupação é com a evasão de estudantes. “Os alunos precisam ter condições de estudo em casa e, muitas vezes, eles não têm. Além da situação econômica ter se agravado, muitos desses alunos estão trabalhando e não sobra energia nem tempo para chegar a uma casa sem condições de estudo remoto”, diz.
Ela complementa “Nossa luta é para que (o semestre) seja adiado, até que tudo volte ao normal e possamos fazer o ensino presencial”.
Mobilização tende a crescer
A mobilização que se desenvolve entre os estudantes de Brasília contra o retorno das aulas e rejeição ao EAD tende a crescer e precisa tomar corpo com atos de ruas, para barrar a ofensiva bolsonarista nos institutos e universidades é necessário derrubar o regime golpista de conjunto de uma vez por todas.
Fora Bolsonaro!
Fora EAD!
Volta às aulas só com o fim da pandemia e com vacina!