Os acontecimentos relacionados à crise no Oriente Médio após o assassinato brutal pelo imperialismo norte-americano do general iraninano Qasem Soleimani trouxe à tona novamente o problema de qual a posição política correta da esquerda em relação aos conflitos entre o imperialismo e os países atrasados. O episódio traçou uma linha divisória e estabeleceu claramente que há uma luta na esquerda nacional entre um setor que pode ser chamado de pró-imperialista e outro que pode ser definido como anti-imperialista.
Essa luta tem se desenvolvido já há algum tempo no Brasil e é também um reflexo da luta internacional. Setores da esquerda pequeno-burguesa, como o PSTU, a maior parte do Psol e outros, têm se colocado sistematicamente ao lado do imperialismo nas questões fundamentais.
Já a essa altura, essa esquerda pró-imperialista acumula uma série de posições direitistas diante de vários episódios recentes. Foi assim em relação ao golpe no Egito, ao golpe na Ucrânia, à intervenção imperialista na Síria, à tentativa de golpe na Venezuela, aos ataques contra Cuba e Coreia do Norte, ao golpe no Brasil e finalmente agora a posição em relação ao Irã.
Em todos esses casos a política desse setor da esquerda se colocou mais ou menos claramente alinhada ao imperrilismo. Não é apenas na política errada, a ideologia esboçada por esses grupos para justificar tal posição é uma reprodução da propaganda imperialista.
A propaganda da imprensa internacional é reproduzida pela esquerda pequneo-burguesa quase que literalmente, em alguns casos com muito pouca cobertura pseudo esquerdista. Nesse sentido, grupos como o PSTU, o MES (Movimento Esquerda Socialista) de Luciana Genro, a CST (Corrente Socialista dos Trabalhadores) do vereador psolista Babá, e indivíduos como Marcelo Freixo e Jean Wyllys reproduzem a ideia de que Nicolas Maduro e Bashar Al Asad são ditadores, de que as massas saíram nas ruas no Egito e na Ucrânia e que tanto Cuba como a Coreia do Norte não deveriam ser defendidas porque seriam regimes terríveis contra o povo.
No caso do Irã foi a mesma coisa. Alguns, como o blogueiro da Folha de S. Paulo, Leonardo Sakamoto, defenderam uma neutralidade impossível aleganda que Estados Unidos e Irã são parte do mesmo sistema de opressão contra o povo do Iraque, outros, como o PSTU, procura esconder sua posição pró-imperialista denunciando o assassinato de Soleimani mas acusando o Irã – e o próprio general – de serem responsáveis pela repressão ao povo no Iraque e pela destruição da Síria. Posições como estas são mais do que uma defesa do imperialismo, são uma justificativa para a sua ação.
É preciso dizer claramente que essa esquerda está do lado da máquina criminosa imperialista contra a população mundial. Diante de uma disputa entre qualquer país atrasado e o imperialismo a única posição possível é a defesa incondicional desses países. Uma esquerda que perdeu essa bússola política, que inclusive faz parte da tradição de luta da esquerda e dos setores progressistas da sociedade, está fadada a se colocar completamente a reboque do imperialismo. E é isso o que está acontecendo efetivamente.