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Victor Assis

Editor e colunista do Diário Causa Operária. Membro da Direção Nacional do PCO. Integra o Coletivo de Negros João Cândido e a coordenação dos comitês de luta no estado de Pernambuco.

Eleições na Câmara

De Nhonho a Baleia

Rodrigo Maia já havia anunciado que passaria o bastão para alguém que tivesse "o seu perfil"

Quando perguntado sobre quem apoiaria para as eleições na Câmara dos Deputados, o atual presidente da casa, o golpista Rodrigo Maia (DEM-RJ), declarou que seria alguém que tivesse o seu perfil. Mais recentemente, Maia cumpriu sua promessa: indicou Baleia Rossi (MDB-SP) para o seu lugar.

E qual seria, então, o perfil ao qual se refere Rodrigo Maia? Ora, como expliquei na coluna anterior, O Choro do Nhonho, Maia é um dos principais articuladores de todos os ataques desferidos contra os trabalhadores no último período. Desde a reforma da Previdência, passando por privatizações e a famigerada Medida Provisória 936, o presidente golpista da Câmara dos Deputados sempre esteve alinhado aos projetos mais macabros do imperialismo. Ao mesmo tempo, até hoje, continua sentado em cima de mais de 50 pedidos de impeachment contra o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro.

Baleia Rossi comunga do mesmo passado. Em 2016, assim como Maia, votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff. E, em conjunto com toda a extrema-direita, seu voto veio acompanhado da mesma ladainha conservadora e golpista:

“Hoje é o dia de devolvermos a esperança ao povo brasileiro. Em respeito à Constituição Federal, em respeito aos mais de 208 mil eleitores que me deram a oportunidade de estar aqui, por São Paulo e pelo Brasil, eu voto sim! Que Deus abençoe o nosso país!”

O apoio ao golpe de Estado está muito longe de ser um “acidente de percurso”. Baleia Rossi, que atualmente é presidente nacional do MDB, é um típico representante da direita nacional. De acordo com dados do Radar do Congresso, plataforma de dados do Congresso em Foco, Baleia Rossi teria votado junto com o governo Bolsonaro em nada menos que 90% das votações nominais da Câmara! Sua “fidelidade” ao governo de extrema-direita é, inclusive, maior do que a do próprio candidato de Bolsonaro nas eleições para a mesa diretora da Câmara. Arthur Lira (PP-AL) seguiu a orientação do governo em 88% das votações.

O apoio quase integral de Baleia Rossi ao governo apenas comprova que a burguesia, embora tenha sues homens de confiança, como Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o próprio Rodrigo Maia, apoia Bolsonaro desde que ele consiga levar adiante o programa neoliberal. Isto é, contanto que as reformas da Previdência, trabalhista, tributária e administrativa sejam aprovadas, pouco importa se o presidente do País é de extrema-direita ou não.

Em artigo recente do Estado de S. Paulo, a burguesia expressou claramente essa política:

“O cientista político Luis Felipe D’Ávila, fundador do Centro de Liderança Pública (CLP), afirma que será crucial para os candidatos às mesas do Congresso, que ficarão nesse posto até 31 de janeiro de 2023, deixar claro seu comprometimento com as reformas: ‘O primeiro semestre é o momento para aprovar as reformas. Se entrar alguém descomprometido com as reformas, é um desastre para o País. É essencial para saber se reformas vão andar ou parar’. Para D’Ávila, o governo deveria abrir diálogo com todos os candidatos para tentar, desde já, acertar uma pauta mínima de votações, não só das reformas, mas também de projetos de lei. Ele cita a proposta que limita os ‘penduricalhos’ nos salários de servidores e três textos que tratam de desmatamento, licenciamento ambiental e regularização fundiária, que são mais fáceis de aprovar do que uma mudança constitucional e já dariam uma sinalização importante a investidores” (Eleição na Câmara é vital para votações esperadas por Paulo Guedes, 28/12/2020).

A discussão deixa claro que não há, na disputa pela mesa diretora da Câmara dos Deputados, uma luta entre a “luz” e as “trevas”, conforme tem sido propagado pela esquerda pequeno-burguesa. As eleições refletem apenas a disputa para definir qual grupo político ficará responsável por administrar os negócios da burguesia, de modo a aprofundar os ataques do regime golpista. Isto é, enquanto a esquerda pequeno-burguesa, que vergonhosamente ingressou no “bloco dos onze” com Rodrigo Maia, se mostra disposta a abandonar qualquer princípio em nome de valores abstratos, a burguesia apresenta seus critérios de forma muito definida: não abrirá mão de seu programa,

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