Após quatro anos semeando a dependência e cultivando subserviência aos ditames do Fundo Monetário Internacional (FMI), a Argentina colhe os frutos podres da política neoliberal de Mauricio Macri.
Soterrados em dívida, os argentinos lutam para não serem esmagados por um dos principais pilares de sustentação do imperialismo. Foram quatro anos de intenso trabalho para entregar a economia argentina aos tubarões imperialistas. Agora, não obstante, cabe ao governo de Alberto Fernández a tarefa de evitar um colapso generalizado. Todavia, quando se está em desvantagem perde-se o poder de barganha. No intento de assegurar reservas para o combate à pandemia, o governo argentino busca ganhar tempo para concluir as negociações com os credores privados estrangeiros. Para isso, anunciou que vai estender até 12 de junho o prazo que vencia nesta terça-feira, 2. Este vencimento, porém, já é a extensão de um acordo estabelecido depois que o governo deu o calote no dia 22 de maio. À época, o governo deixara de pagar US$ 503 milhões, relativos aos juros de três títulos públicos. Acossado pelo imperialismo, no mesmo dia, o governo buscou estender as negociações até o dia 2 de junho, mediante moratória. Em meio ao cerco que se impõe, novamente, o governo pretende preparar uma oferta para reestruturar 66,3 bilhões de dólares. Essa medida, porém, não alivia a pressão exercida sobre a economia argentina. Em todo caso, a moratória da dívida restringe ainda mais o acesso de empresas e pessoas à compra de dólares.
Por parte do FMI, o recado havia sido dado poucas horas antes do prazo se esgotar. A instituição imperialista afirmara em relatório técnico que sua “análise mostra que a proposta revisada de reestruturação da dívida das autoridades argentinas seria consistente com o restabelecimento da sustentabilidade da dívida”, isto é, aconteça o que acontecer, é preciso manter a acumulação do imperialismo, mesmo que o país entre em colapso. Já o governo argentino, por sua vez, tenta encontrar um meio-termo que implicaria em uma melhoria da oferta formal em abril. Assim sendo, haveria uma redução do período de carência solicitada aos credores. Ao invés de três anos, o governo teria dois anos de carência; isto é, até 2022. Ademais, o FMI seria agraciado através de pequenos aumentos no rendimento dos títulos.
Vale lembrar que, desde 2018, a recessão corrompe a economia Argentina. Com a pandemia do coronavírus, os efeitos aumentaram exponencialmente. A contração econômica chegou ao patamar de 11,5%, em março, comparado na atividade econômica em relação ao mesmo período em 2019. Essa decadência, portanto, é fruto do aprofundamento da dependência do FMI, é o resultado de quatro anos do governo neoliberal de Macri.