Pesquisa realizada a pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre os dias 2 e 4 de maio, com 2005 pessoas nos estados e DF, revela pessimismo generalizado com o futuro próximo, insegurança e perda de renda. Entre os entrevistados 86% concordam com as medidas de isolamento social, mas só 9% informa estar em isolamento total, sem sair de casa. Para a maioria o impacto da pandemia será grande, 48% tem medo de perder o emprego e só 3% a repercussão será nula. A maioria reduziu as compras, mas deseja aumentar quando a pandemia passar (Exame, Agência O Globo, 7/5/2020).
Ainda sem dados sobre 2020, o IBGE divulgou o resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) sobre a renda em 2019. A renda média da população, de 2018 para 2019, caiu de R$2.317 para R$2.308. Isto entes da crise da pandemia. Continuando a tendência que vem desde 2016. Mas isso é a média, pois “enquanto metade da população recebia, em média, R$50, 1% dos brasileiros tem rendimento médio mensal de R$28.659”, mostrando a desigualdade que permanece. “O Brasil desaprendeu, nos últimos anos, a cuidar dos muitos pobres. Isso é muito preocupante”, lamenta o professor Marcelo Neri, diretor do FGV Social (Correio Braziliense, 7/5/2020).
No mês passado a Google havia publicado uma pesquisa que fez on-line com 1,5 mil pessoas entre 30 de março e 1º de abril, que já mostrava que 18% não tiveram nenhuma renda no período da quarentena, 27% informaram uma diminuição significativa na renda e 25% pouca queda na receita. Do total dos entrevistados, 39% informou que passaram a compartilhar sua renda com outras pessoas que tiveram queda na renda. Quanto mais pobre, maior esse impacto (Estado de Minas, 23/4/2020). Esse pancada na vida dos trabalhadores virá sob a forma de um forte arrocho salarial, com as empresas já cortando até 70% como permite a Medida Provisória 936, ou sob a forma de demissões. O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre) calcula que a taxa de desemprego do Brasil pode pular dos atuais 11,6% para 16,1% já neste trimestre. O Ibre prevê 17 milhões de desempregados no segundo trimestre (Correio Braziliense, 5/4/2020).
Arrocho salarial no funcionalismo público e 1,5 trilhão para bancos
O Congresso Nacional aprovou o congelamento salarial por 18 meses, proposto pelo governo, para todos os funcionários públicos, com exceção da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, guardas municipais, militares das Forças Armadas e agentes socioeducativos, professores, coveiros e as áreas de assistência social, saúde e limpeza urbana. Para o governo isso vai significar um corte de R$43 bilhões, mas o Ministério da Economia queria um corte de R$130 bilhões (Correio Braziliense, 7/5/2020).
Ao mesmo tempo, o Congresso Nacional aprovou a PEC10/2020 que irá promover uma transferência de R$1,5 a R$3 trilhões para os bancos por meio da compra pelo Banco Central de títulos privados sem lastro (chamados títulos podres) em poder dos bancos. “O povo é que vai pagar essa dívida pública, como sempre, com mais arrocho fiscal, privatizações, contrarreformas” (Auditoria Cidadã da Dívida, 6/5/2020).