Na China, onde se originou o coronavírus (2019-nCoV), chegam a 17.200 pessoas infectadas e 361 mortas. Na província de Hubei, epicentro da epidemia, o governo extendeu por mais 10 dias o feriado, esperando reduzir as grandes aglomerações como estações de trem, mercados, fábricas e escolas, e o risco de contágio. A circulação de veículos no centro de Wuhan está proibida. O mercado de ações chinês caiu 7,8% no dia de hoje – a maior queda diária em quatro anos. O Banco Central injetou 174 milhões de dólares em títulos, para segurar o preço do dólar e evitar uma fuga de capitais. Além disso, o governo chinês informou que concederá subsídios a empresas que tiveram suas atividades afetadas pelo coronavírus.
Um mapa interativo mostra que quase duzentos casos já foram identificados fora da China, inclusive uma morte nas Filipinas. Como o vírus já está chegando em países da Europa e na América do Norte, ele passou a ser uma preocupação de primeira grandeza para os centros do poder capitalista. A União Europeia bloqueou a entrada de pessoas que tenham passado pela China nos últimos 14 dias.
Segundo a agência Moody’s Analitics, o impacto do vírus na economia é mais difícil de se prever do que uma bolha financeira, sendo que o coronavírus pode causar mais danos do que a crise dos títulos podres de 2008-2009. Um dos preços que já está incomodando os capitalistas é o dos metais industriais, pois acompanha a atividade produtiva e já caiu mais de 7% desde o início da epidemia, voltando a níveis de 2017.
O capitalismo tem estado tão suscetível a crises, que basta a expectativa de desaceleração econômica na China para que as expectativas da economia mundial piorem. Na esteira do pessimismo, a rentabilidade dos bônus do Tesouro norte-americano caiu de 1,82% para 1,54%, e dos bônus corporativos, de 3,05% para 2,89% – menor valor em sete anos. O preço do ouro – ativo que os capitalistas compram atrás de proteção – está em seu valor mais alto desde 2013.
Neste sentido, a diretora do FMI, Kristalina Georgieva, afirmou a imprensa que o coronavírus pode desencadear uma queda na atividade econômica mundial, pelo menos no curto prazo. A epidemia já é mais letal que o SARS – também Chinês – que em 2003 causou um prejuízo de 40 bilhões de dólares mundialmente. Naquela época, a China representava somava apenas 4% do PIB mundial, contra 18% nos dias de hoje.
O capitalismo não tem sido capaz de se recuperar das crises, uma após outra. As burguesias nacionais e mundiais têm sido incapazes de apresentar soluções à população. Com o aprofundamento das crises, restará uma população cada vez mais empobrecida, e uma burguesia que se sustenta no aparato repressivo. Apenas a mobilização revolucionária, que derrube esta classe e coloque no poder as organizações de trabalhadores, poderá dar um novo caminho de progresso e desenvolvimento à Sociedade.