O cartão-transporte estudantil, benefício para estudantes matriculados nos ensinos fundamental, médio, superior e técnico foi suspenso na cidade de Curitiba (PR). O uso do benefício permite que seja pago metade do valor da tarifa no transporte público municipal.
Nesta segunda-feira (18), o prefeito Rafael Greca (DEM) autorizou a Companhia Urbanização de Curitiba (Urbs) a cortar o transporte estudantil. A Urbs alega que houve aumento do uso do cartão neste período de suspensão das aulas em decorrência da pandemia do coronavírus. Para a empresa, o uso do cartão significa que os jovens estariam desrespeitando as orientações de isolamento social e supostamente estariam promovendo aglomerações. Isso é afirmado sem qualquer tipo de comprovação.
A previsão é que o benefício só retorno para os estudantes com o fim das medidas de isolamento e a volta às aulas presenciais, o que não há prazo para acontecer.
O que o prefeito direitista não considera é que muitos estudantes utilizam o passe para deslocamento para seus locais de trabalho e para realizar atividades que são essenciais, como ir às farmácias e supermercados. É possível que muitos utilizem para ir ao médico, pagar contas, ver suas famílias e levar adianta as tarefas da vida cotidiana. Em contexto de dificuldades econômicas, o pagamento de metade do valor da tarifa representa um certo alívio para os estudantes e suas famílias, bem como a possibilidade de economizar.
É importante considerar que o dinheiro do passe é pago pelos estudantes antecipadamente. Isto é, não há qualquer déficit para as empresas enquanto não é permitido aos estudantes desfrutar por um serviço que já foi pago.
A circulação dos estudantes é um pretexto para realizar os cortes. O governo municipal quer fazer economia com o subsídio dos estudantes, seguramente para transferir os recursos para os bolsos dos grandes capitalistas que pressionam o poder público para que seus interesses sejam atendidos.
A direita se aproveita do contexto da pandemia do Covid-19 para avançar sobre as conquistas históricas resultado de décadas de mobilização nas ruas do movimento estudantil. O corte do benefício é mais um ataque contra os estudantes do país pela direita, que, ao saber das dificuldades de mobilização neste momento, busca ganhar terreno. A catástrofe social do coronavírus está servindo de laboratório para o aprofundamento da política neoliberal e de retiradas de direitos que já vinha ocorrendo desde o golpe de Estado de 2016.
As organizações estudantis e da juventude devem convocar uma mobilização para impedir mais este ataque.