Pesquisa realizada por professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) projeta um futuro muito sombrio para a classe operária e o conjunto dos explorados, caso não haja uma ação decidida por parte da esquerda que se reivindica dos trabalhadores em defesa da sua organização e luta.
Relacionando 67 ramos de atividade, com base em 123 produtos e serviços pesquisados e ainda considerando a queda projetada de 11% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a expectativa é de que o número de novos desempregados supere a marca dos 15 milhões.
Quando se considera os dados oficiais do desemprego no Brasil divulgados pelo IBGE, no último trimestre de 2019, portanto, antes da pandemia do coronavírus, já eram 12,6 milhões de trabalhadores, ou 11,9% da população economicamente ativa. Com a crise agravada pela pandemia, o Brasil tem todos os ingredientes para uma hecatombe social, com aproximadamente 30 milhões de trabalhadores desempregados.
Os dados, mesmo que conservadores do IBGE, não deixam margem a dúvidas. No último trimestre de 2019, a população empregada com carteira assinada era de 33,7 milhões. Considerando-se o estudo da UFRJ, quase metade da mão de obra com carteira assinada atualmente estará desempregada no próximo período, ou seja, uma redução de aproximadamente 45%. Isso significa que apenas cerca de 18 milhões de trabalhadores continuarão com emprego no Brasil em curto espaço de tempo.
Um outro dado importante que se pode concluir a partir desse estudo, é que a massa salarial terá uma queda ainda maior do que o número de desempregados, pois, como já é patente no meio da pandemia, os patrões e o governo estão promovendo um achatamento salarial em massa com a MP 905, por meio da diminuição dos salários e da jornada e com a suspensão dos contratos de trabalho. O objetivo da reforma trabalhista é oficializar essa política.
Uma conclusão que parece fundamental é que o desemprego em massa acarretará um reflexo automático também para os trabalhadores que vivem da economia informal, o que corresponde a 36,8 milhões de trabalhadores – com a observação de que não estão incluídos nesses dados tanto os que têm carteira assinada como os que não têm e os cerca de 6,3 milhões de trabalhadores domésticos.
A esses números são somados os trabalhadores que desistiram de procurar emprego, os chamados desalentados (5 milhões) , os subempregados (27,6 milhões – parte é considerada como informal), os milhões de jovens que entram no mercado de trabalho todos os anos, as famílias dependentes dos trabalhadores. Diante os números, não é difícil considerar ultrapassará em muito à centena de milhões o número de trabalhadores em situação muito grave no País.
Esse é o quadro que a esquerda e os sindicatos já estão vivenciando e que irão se agravar em muito no próximo período. O principal problema que se coloca não é a crise capitalista. Há muito o capitalismo já se mostrou como um sistema de barbárie, caduco e incapaz de sustentar os seus próprios escravos. A questão central reside justamente na esquerda, que não trava, como se vê agora diante da pandemia, uma luta por uma ação independente das massas operárias e trabalhadores diante do capitalismo terminal. Ao contrário, deixa nas mãos dos políticos burgueses a solução, que nunca vai vir, para os problemas dos explorados.
Essa é a maior crise de direção do movimento operário. A classe operária precisa de uma direção revolucionária, e é justamente em nome disso que a luta por varrer o governo de Bolsonaro e todos os golpistas deve estar na ordem do dia.