Ao comentar um recente caso de estupro no bairro de Itapuã, Salvador/BA, o tenente-coronel Eurico Filho Silva Costa, comandante da 15ª Companhia Independente da Polícia Militar de Itapuã, afirmou ao jornal Bahia Meio Dia, da TV Bahia, que “essas últimas duas turistas que foram esfaqueadas, elas estavam após as 19h na praia, elas tiveram um comportamento de risco, num local ermo, sem policiamento, sem público, sem nada, então elas assumiram a consequência. Nós cobridos, temos um policiamento para a comunidade, para o público, tanto é que nossa segurança é pública, não podemos individualizar o policiamento em praia”.
Sabe-se que o suspeito de cometer o crime, após comparecer na Delegacia de Proteção ao Turista, no Centro Histórico de Salvador, foi ouvido e logo liberado pela polícia.
O episódio mostra que o discurso de “bandido bom é bandido morto” e “lugar de bandido é na cadeia”, amplamente defendido pela extrema-direita, não passa de demagogia barata. Na prática, as instituições direitistas, como a polícia, tendem a ignorar os crimes em geral, sobretudo aqueles cometidos contra setores mais vulneráveis da sociedade, como as mulheres. O sistema capitalista utiliza o aparelhamento burocrático do estado para reprimir a população, criando leis penais com crimes de menor ou nenhuma importância real, somente para encarcerar e prender milhares de pessoas pobres, a exemplo do que ocorre com os crimes de tráfico de drogas e desacato.
Com isto, pode-se notar que o objetivo destas instituições e suas leis opressoras, como a Lei Maria da Penha, não servem para garantir uma verdadeira segurança ao povo, mas para controlá-lo, reprimi-lo e puni-lo, instaurando um regime de terror e exceção.
A fala do coronel retrata bem esta indiferença da direita em combater o crime praticado contra mulheres ou pessoas pobres, tornando-as culpadas ou merecedoras da violência que sofrem. Quanto combatem algum crime, o resultado em grande parte leva à prisão inúmeros homens pobres e já bastante oprimidos pelo sistema capitalista, sem que de fato haja um real enfrentamento da causa destes problemas.
Mais uma vez, comprovamos que as instituições não estão aí para ajudar a população, mas para massacrá-la. É necessário denunciar isto e lutar pelo fortalecimento de organizações de origem popular, com membros de movimentos sociais, que contenham representantes diretos do povo, responsáveis por prestar contas e defender os verdadeiros interesses da população.