Após assembleia geral realizada na última terça-feira (14) no Colégio Estadual Cândido José de Godói na zona norte de Porto Alegre, os professores decidiram pela suspensão da greve que durava 58 dias.
Segundo a presidente do CEPERS (principal sindicato representante dos professores), a categoria ‘’voltou às aulas para preservar o salário e pelo compromisso escolar’’ e sai de cabeça erguida. Difícil acreditar nisto diante da situação de atraso de salários há mais de cinco meses.
Os trabalhadores da educação estão em greve desde o ano passado, foram reprimidos brutalmente pela polícia fascista de Eduardo Leite (PSDB) , eles estão isolados pela esquerda que apoia, de uma forma ou de outra, a reforma da previdência em vários estados (PT, PCdoB). Ou seja, enquanto os professores faziam a greve, as direções políticas da esquerda partidária apoiavam o ataque aos professores.
Recentemente, após vencer uma liminar, setores da esquerda pequeno-burguesa subiram em caminhão de som para papagaiar uma ‘’vitória’’. Após isto, o governo derrubou a liminar e encaminhou para o legislativo a proposta de fim da aposentadoria da categoria. Mais uma vez, os professores saem com uma mão na frente e nenhuma atrás.
Vejamos as resoluções aprovadas por essa assembleia geral que decretou o fim da greve:
- Rejeição do Acordo de Greve proposto pelo governo Eduardo Leite (PSDB).
- Suspensão da greve para preservar o salário da categoria. Encerrar o ano letivo pelo compromisso com estudantes e comunidade da escola pública, exigir o pagamento dos dias parados, com calendário de mobilização para derrotar o Pacote de Leite.
- Ato estadual da categoria, no dia 27/01 (segunda-feira), caso tenha sessão extraordinária da Assembleia Legislativa, com instalação de acampamento e paralisação nos dias votação. Ato Público em frente ao Tribunal da Justiça.
- Campanha de denúncia do governo Eduardo Leite (PSDB), caracterizado como mentiroso, autoritário e caloteiro.
- Continuidade da mobilização para segunda fase de votação do Pacote. Articular com direções das escolas, categoria, estudantes e pais, bem como fazer a pressão sobre políticos locais nas Câmaras de Vereadores com o mote “A defesa da educação pública passa pela derrota do Pacote de Leite” que ataca a educação pública e os/as educadores/as.
- Panfleto cujo conteúdo dialogue com a comunidade escolar na defesa da escola pública.
- Reafirmamos a necessidade de realizar plenárias em regiões de deputados/as da base do governo.
- Retomada da publicidade por escrita e áudio da síntese dos ataques à categoria, em cada PEC, PLC ou PL do Pacote de Leite
- Desencadear uma campanha nacional de solidariedade aos/às educadores/as gaúchos/as em greve e com corte de ponto e salário.
- Acompanhar a agenda do governador, fazendo escracho ante o autoritarismo de seu governo. 1
- Dia 24/01 (sexta-feira), Dia do/a Aposentado/a – Dia de mobilização e de Luta, chamado pela CNTE.
- Realização de Aula Pública Popular: 2020 – A defesa da Educação Pública continua viva”.
- Escracho ao Secretário de Educação Faisal, na região de sua base política eleitoral e em agendas em locais no interior do estado.
- Elaboração de Dossiê da Fundação Lemann, sua atuação e das relações com o governo Eduardo Leite. Realização de Ato político para apresentação do resultado do dossiê.
- Elaborar mensagem de agradecimento à sociedade, escrita e por áudio, pelo apoio a nossa luta, ratificando a denúncia do autoritarismo e ataque à escola pública pelo governo Leite.
- Nota de repúdio ao Ministro da Educação Weintraub, que atacou os/as educadores/as do RS.
- Lutar contra as PECs 186,187 e 188 de Bolsonaro que destroem os serviços públicos no país.
- Construir um dossiê denunciando internacionalmente os suicídios dos/as trabalhadores/as que não aguentam o massacre e as perseguições de Eduardo Leite.
- Cobrar na mesa de negociação, a readmissão imediata dos educadores contratados demitidos em licença saúde e retirada e suspensão da Portaria 293 que provoca mais demissões.
Com atuação pouco ofensiva, até ‘’banana’’ de um sindicato que se recusa a chamar as palavras de ordem Fora Bolsonaro e denunciar o golpe de estado que colocou a extrema-direita no poder clamando por eleições gerais com Lula candidato, essas 19 medidas, algumas um tanto cômicas, não são nenhuma surpresa.
Que vai adiantar chamar Eduardo Leite de bobo, mau ou feio? O Rio Grande do Sul inteiro sabe que o fascista poderia muito bem ter feito campanha análoga a seu adversário nas urnas do segundo turno com a chamada de “Bolsoleite” (enquanto o ex-governador Sartori fez campanha com o lema “Satornaro”) que ninguém hoje notaria a diferença. É um bolsonarista no governo, neoliberal, inimigo do povo. É preciso chamar este governo de Eduardo Leite pelo que realmente é, um governo bolsonarista. É preciso o fim de Bolsoleite.