Em Nota intitulada “Democracia derrotada“, publicada – entre outras – na Folha de S. Paulo, no último domingo, presidentes de seis partidos de oposição (PT, PDT, PSB, PCdoB, PSOL, Rede) protestaram contra a inexistência, a menos de um mês das eleições, de “qualquer perspectiva de debates entre candidatos a prefeituras de muitas capitais”.
Além de criticar, levemente, o “argumento das emissoras de TV, de cancelar os eventos em razão da pandemia de Covid-19” e lamentar que os debates “foram cancelados sob o argumento de se evitar aglomerações”, os presidentes assinalam o óbvio de que “a ausência de debates também favorece os concorrentes já conhecidos pela população” e realizam todo uma exaltação sobre a suposta importância dos debates como “momentos essenciais para o eleitor conhecer melhor os candidatos e definir seu voto”.
A iniciativa se soma à tentativa feita sem sucesso de “convencer Globo a fazer debates” feita alguns dias antes quando parlamentares e candidatos de nove partidos se reuniram com Paulo Tonet, vice-presidente da Globo, para pedir que a emissora reconsiderasse a decisão de cancelar os debates.
Esses partidos se dirigem à venal imprensa golpista expressando, no mínimo, uma profunda ilusão nesses monopólios e no processo eleitoral em curso, com o que acabam por realizar um “embelezamento” dessas que são as eleições mais antidemocráticas das últimas décadas, as primeiras que se realizam sobre a vigência da reacionária da “reforma eleitoral”. de 2017, aprovada pouco tempos depois do golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff e que entre outras medidas:
- extinguiu o tempo do horário eleitoral para cerca de um terço dos partidos legalmente registrados, deixando 10 entidades sem nenhum espaço público de divulgação;
- deixou outro terço ou mais com porções ínfimas de tempo, menos de 20 segundos;
- reservou para as grandes máquinas partidárias, amplamente repudiadas nas eleições (como se viu nas eleições presidenciais de 2018), a maior fatia do horários eleitoral, das verbas do fundo eleitoral e partidário etc.
- encurtou a campanha eleitoral para míseros 45 dias, proibindo que haja – de fato – campanhas eleitorais – e que a maioria dos candidatos e partidos possas apresentar suas propostas para a maioria da população;
Isolar os debates desta situação profundamente antidemocrática é tratar da cereja, quando todo o bolo está apodrecido; quando mesmo que estes ocorressem (com parte dos candidatos como permite as eleições) o processo nem de longe se assemelha com algo democrático.
Repudiamos o tratamento dispensado à imprensa que participou e participa, ativamente, da campanha golpista, como se ela não fosse uma das instituições fundamentais do regime arbitrário e das atuais eleições fraudulentas que visam dar sobrevida aos partidos carcomidos da burguesia que são apontados – graças às manipulações – pelas pesquisas divulgadas por essa mesma imprensa como os beneficiários do pleito organizado como um jogo de cartas marcadas.
Em meio ao um gigantesco genocídio (quase 160 mil mortos “oficiais”), caos e retrocesso geral do País (com recordes de fome, desemprego, assassinatos pela Polícia etc.) a direita, cinicamente, usa a campanha eleitoral para fazer promessas e tentar ludibriar a população com sua velhas e inúteis promessas e manipula para manter o comando da maioria das prefeituras nas mãos da direita tradicional, em sua maioria organizada no “centrão” e na frente ampla. As pesquisas fajutas (que expressam a vontade da burguesia capitalista e são uma peça de campanha) apontam que os partidos desse bloco, por exemplo, sairiam vitoriosos em cerca de 80% das capitais. Não são mais do que meia dúzia as capitais em que os partidos da esquerda burguesa ou pequeno burguesa aparecem como alguma chance de se classificarem para o segundo turno.
A esquerda classista, as organizações dos trabalhadores, precisam deixar de lado as ilusões eleitorais, repudiar a politica dos setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa que imitam a burguesia e repetem (ou “aperfeiçoam”) suas promessas e chamar uma ampla mobilização unitária, denunciar a fraude e convocar a luta real pelas reivindicações do povo contra o genocídio, a fome, o desemprego e por Fora Bolsonaro e todos os golpistas e Lula presidente!
Mais do que nunca, os trabalhadores precisam lutar por fortalecer suas próprias organizações de luta, rejeitar os “atalhos” enganosos que buscam desviar os explorados da sua organização independente. É hora de fortalecer os Comitês de Luta, as organizações dos explorados da cidade e do campo e avançar em direção à construção de um partido operário, revolucionário e de massas.