No segundo turno das eleições municipais ficou ainda mais evidente um dos objetivos perseguidos desde o golpe de Estado de 2016, que é a liquidação total do Partido dos Trabalhadores, principalmente de sua principal liderança, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Tal objetivo está em perfeita sintonia com as caraterísticas fascistas do atual regime que para impor seus objetivos contra a imensa maioria do povo precisa reduzir drasticamente e, se possível, eliminar, a participação política dos trabalhadores no regime político. No momento em que a direita avança com força contra as condições de vida de milhões de explorados, os capitalistas precisam bloquear qualquer possibilidade de reação da classe operária. Para isso, é preciso eliminar a organização politica da classe explorada, ainda que ela se expresse em um partido conciliador e sua atuação se desenvolva por dentro do regime politico e com todas as ilusões no mesmo, mesmo quando esse ganha forma de um regime de exceção.
Para os “donos do golpe”, nada melhor do que ter como “oposição” a seus planos uma esquerda dócil e sem vínculos com os trabalhadores.
Por conta disso, por trás de toda a fraseologia em torno da importância de derrotar o bolsonarismo, a “selvageria” da extrema direita etc, o que não se viu nessas eleições foi a direita golpista, disfarçada de centro, apoiar o Partido dos Trabalhadores embora o inverso tenha ocorrido em muitos lugares.
Essa direita arrastou consigo seus aliados da “esquerda”, defensores da frente ampla com os golpistas, do PCdoB, do PSOL, da direita do PT e toda a pseudoesquerda burguesa (PSB, PDT etc.) para conquistar um dos seus principais objetivos golpear duramente o PT e sua principal liderança. Não podem haver sobra de dúvida de que eles preferem Bolsonaro e seus “cachorros-loucos” a Lula e os petistas que possuam ligações com a CUT, os sindicatos, movimentos populares.
Consumada a fraude eleitoral em favor da direita, já está em marcha, com força ainda maior, uma nova ofensiva da direita contra as condições de vida das massas. Na mesma proporção se intensificam os ataques contra Lula e seus aliados no PT, com algum vínculo com o movimento operário.
Essa ofensiva conta com a dedicada colaboração de setores da direita o PT, aliados a burguesia golpista na frente ampla, nos governos estaduais, no Congresso Nacional etc., como o senador Jaques Wagner (PT-BA), que. veio a público atacar o ex-presidente Lula e engrossar um movimento que visa dar um verdadeiro golpe de Estado no interior do PT, dentre outras coisas destituindo a presidenta do partido, deputada Gleisi Hoffmann, que tem mais três anos de mandato à frente da legenda. Tudo isso para que a ala mais direitista assuma o comando do PT, “aposente” Lula e o coloque em sintonia com os planos de direita que quer a liquidação de Lula e de todo o Partido.
Lideranças tradicionais do PT, como seu ex-presidente, José Genoíno, além de dirigentes e militantes de base se pronunciaram contra as manifestações que ressoam dentro e fora do Partido a politica da direita de “enterrar vivo” o ex-presidente Lula e seus aliados na direção do PT.
A campanha contra Lula e seus aliados se intensifica ao mesmo tempo em que a burguesia empurra o País para a maior onda de desemprego, fome e miséria de todos os tempos, com recordes de casos e mortes na pandemia, a disparada da inflação e das demissões e o fim do auxílio emergencial.
Não se trata, portanto, de uma questão que diga respeito simplesmente ao PT e seus militantes. Interessa a todo ativismo classista que compreenda a importância de enfrentar a ofensiva da direita, superando a política de capitulação e colaboração com a burguesia adotada pela esquerda burguesa e pequeno-burguesa defensora e praticante da política de frente ampla com a direita golpista como se viu explicitamente no processo eleitoral. E um aspecto fundamental desse enfrentamento é justamente a denúncia do caráter reacionário do balanço da burguesia e dos seus aliados na esquerda.
Alem de se opor à manobras golpistas que, por certo, vão se expressar também – no próximo período – nas organizações do movimento operário nas quais o PT tem enorme influência, é preciso que a esquerda combativa tenha uma política para se opor à pressão da burguesia em favor de uma “nova direção para a esquerda”, por “novas lideranças” que estejam em sintonia com os planos da direita golpista e que não representem qualquer perigo no sentido de mobilizar os trabalhadores e suas organizações de luta, como a candidatura presidencial de Lula pode fazer.
Por isso tudo é urgente realizar a unidade dos setores não apenas como uma posição defensiva mas como parte de uma ampla campanha em defesa dos direitos políticos de Lula, lançando o quanto antes uma campanha nacional em favor de sua candidatura a presidente da República.
Lula, como candidato a presidente, é capaz de conter a ofensiva reacionária (que atinge, inclusive a esquerda) e mobilizar milhões de trabalhadores e somente uma ampla mobilização popular pode, de fato, derrotar os planos da direita e colocar para fora Bolsonaro e todos os golpistas.