Numa quarta-feira dia 20 de maio, o Ministério da Educação anunciou o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, em 30 ou 60 dias aditados ao cronograma inicial. Conforme declarado pelo ministro fascista Abraham Weintraub, no final de junho será aberta uma consulta com os inscritos, onde poderão optar por um adiamento de 30 a 60 dias do calendário original do Enem.
Acontece que os estudantes socialmente mais vulneráveis vivem em condições precárias, e ao se manterem em casa durante o período de pandemia, tem sua desvantagem em relação aos outros alunos melhor estruturados acentuada. Apenas o adiamento de 60 dias do calendário original do Enem, sem melhoras nas suas condições de vida não vai diminuir essa desvantagem. Segundo o professor do Instituto de Física da USP e ex-presidente do Inep, Otaviano Helene: “É por isso que a Unesco afirma que as escolas devem ser melhores que os ambientes em que os estudantes vivem”, para que os alunos tenham condições objetivas e subjetivas de aprendizado.
É a injustiça cotidiana das diferenças sociais e econômicas, que as políticas de cotas tentar combate, algo que até Weintraub já admitiu na Jovem Pan. São as diferenças de condições nos seios de cada famílias que geram essa injustiças, oficialmente reconhecida pelo estado e o distanciamento social com a ausência de aulas presenciais faz com que essa injustiça vá aos extremos das diferenças sociais.
Nesse quadro pandêmico temos que ter claro que se não há condições sanitárias de realizar aulas presenciais, face a necessidade distanciamento social, não há condições sanitárias de reunir os mais de 6 milhões estudantes e milhares de técnicos envolvidos para realizar o exame. Para o professor Faculdade de Educação da USP e especialista em avaliações educacionais, Ocimar Munhoz Alavarse: “Nesse sentido, enquanto não tivermos condições sanitárias não deveríamos fazer a prova”.
Nestes cenário de injustiça só o que poderá diminuir as desigualdades seria a realização da prova muito após o retorno das aulas presenciais. Segundo Alavarse: “Se o MEC me perguntasse o que fazer, eu diria que uma vez que as aulas fossem retomadas na maior parte das escolas da rede pública, deveriam esperar mais seis meses pelo menos para realizar o Enem”,
A juventude da classe trabalhadora tem que repudiar a política demagógica “para inglês ver” do governo federal e defender os direitos de condições iguais para os mais vulneráveis, reivindicando a imediata suspensão do calendário escolar durante a pandemia de covid-19.