Neste dia 20 de dezembro, completam-se 103 anos da criação da Tcheka (em russo ЧК – чрезвычáйная комиссия, ou Comitê de Emergência, ), que foi uma das primeiras polícias secretas da União Soviética. Fundada em 1917, por um decreto emitido por Lênin, e conduzida por Feliks Dzerzhinski, veio para substituir a Okhrana (a polícia secreta dos tzaristas), tomando como base a sua organização interna.
Sua criação veio como uma reorganização do Comitê Revolucionário Militar, que nos primeiros meses após a tomada do poder pelos bolcheviques tinha diversas funções, como criar os novos corpos do governo, organizar as provisões de alimento para as cidades e o exército, requisitar bens da classe burguesa e de organizar a agitação e a propaganda nas províncias. Em 1 de dezembro de 1917, o Comitê Executivo Central de Todas a Rússia aprovou transformar esse Comitê em um organismo especificamente para combater a contrarrevolução.
Posteriormente, Feliz Dzerzhinski foi encarregado de planejar as atividades necessárias para combater a sabotagem e a contrarrevolução e elaborar uma lista de membros para participar da Comissão. Foram selecionados 8 dirigentes revolucionários, que delinearam o funcionamento desta que viria a ser a primeira polícia secreta soviética. A partir daí, o Sovnarkom (Comitê de Ministros da União Soviética) declarou sua criação no dia 7 de dezembro de 1917. No entanto, foi apenas no dia 20 que sua fundação seria oficializada.
Durante seus primeiros meses de existência, a Tcheka contava com apenas 40 oficiais em suas fileiras. Contudo, em 14 de janeiro de 1918, o Sovnarkom ordenou que a organização aumentasse de tamanho. Na primavera deste mesmo ano, a Tcheka já contava com milhares de equipes, que agiam no sentido de investigar, detectar e suprimir a contrarrevolução, a especulação e a bandidagem. Posteriormente, ainda passou a investigar atividades contrarrevolucionárias dentro do Exército e da Armada.
Ao final de janeiro de 1918, como parte de uma solicitação feita por uma Comissão de Investigação do Soviete de Petrogrado que procurava delimitar o papel dos órgãos de detenção e investigação judicial, a Tcheka passou a desempenhar apenas as funções de detecção e supressão, não sendo mais encarregada da investigação.
Em fevereiro de 1918, organizaram-se diversas Tchekas para combater localmente a contrarrevolução, sendo a primeira delas a de Moscou. Chegou-se ao número de 38 Tchekas no fim das contas e a de Moscou passou a ser a Tcheka central. Sua atuação foi fundamental naquele período de guerra civil para suprimir todas as tentativas de reverter o processo revolucionário russo por diversos setores da sociedade, desde burgueses, até antigos funcionários do império russo ou até setores pequeno-burgueses manipulados pela burguesia e pela contrarrevolução.
A Tcheka, como todas as instituições soviéticas, não passaria incólume ao curso da luta política que seguiu na URSS. Ao longo do tempo, passou por algumas renomeações e redefinições de funções até, ao fim e ao cabo, tornar-se, sob outras denominações (GPU, OGPU etc.), um dos principais instrumentos da burocracia stalinista para esmagar os elementos revolucionários no interior (e mesmo no exterior) da URSS.