O Figueirense, clube dos mais tradicionais de Santa Catarina e com incontáveis participações na elite do futebol brasileiro, mergulhou recentemente numa crise sem precedentes, cuja raízes se encontram na adoção do modelo que, hoje, a direita golpista tenta generalizar pelos clubes de todo o país — o modelo do “clube-empresa”.
Administrado desde 2017 pela empresa Elephant, o clube, recorrendo à “eficientíssima” iniciativa privada, ficou à beira do precipício, tanto financeira quanto esportivamente, e só não caiu desfiladeiro abaixo porque, no momento de maior dificuldade, a sua própria torcida cerrou fileiras e impulsionou a ruptura com a sanguessuga capitalista que fazia o organismo do clube definhar. A crise empurrou os setores realmente interessados no clube a romperem o contrato com a empresa Elephant, o que foi oficialmente concluído na última sexta-feira, dia 20 de setembro.
Na terça-feira, dia 24, o Figueirense realizou a sua primeira partida, digamos, pós-Elephant, e a torcida alvinegra compareceu em peso ao estádio Orlando Scarpelli para apoiar o time no duelo contra o Bragantino. Em meio a uma ampla campanha nas redes sociais, envolvendo, inclusive, ex-jogadores do clube, como o lateral Felipe Luís e o atacante Roberto Firmino, os torcedores, primeiro, fizeram uma grande festa para recepcionar a delegação do time e, no estádio, não pararam de cantar um minuto sequer durante os 90 minutos. A partida acabou em derrota para o time catarinense (3 a 0), mas a torcida deixou claro que não abandonará o clube: aplaudiu o time depois do apito final e garantiu o maior público registrado na temporada, com 12.741 espectadores.
A atuação decisiva da torcida do Figueirense na situação de crise atravessada pelo clube mostra o caminho a ser seguido pelo futebol brasileiro: contra o “clube-empresa”, é preciso defender o controle dos clubes pelos torcedores em geral e pelas torcidas organizadas em particular. Um programa verdadeiramente democrático para os clubes e associações esportivas passa pelo seu controle pelas massas populares organizadas. Essa é a saída para que, de fato, os clubes estejam nas mãos daqueles que são os verdadeiros interessados no futebol, a saber, os torcedores, o povo brasileiro. Abaixo o clube-empresa! Pelo controle dos clubes pelos próprios torcedores!
Veja fotos da festa da torcida do Figueira: