A crise econômica de 2008 obrigou o imperialismo mundial a mudar a sua orientação política para o mundo, e em particular, para a América Latina. Vimos uma sequência de golpes no continente, como em Honduras, Paraguai, Argentina e Brasil, além da constante pressão sobre a Venezuela. No entanto, como era de se esperar, os povos dos países controlados pelo imperialismo acabaram por se levantar contra um plano tão profundo de destruição nacional.
O mais recente caso deste tipo de fenômeno é o de Porto Rico. Trata-se de um pequeno país que, como é de conhecimento público não possui nenhuma autonomia, é uma espécie de colônia sob administração direta dos norte-americanos, o que atualmente se conhece pelo termo Territórios não incorporados dos Estados Unidos. Esta situação de asfixia imposta ao povo porto-riquenho desandou nos últimos dias.
Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas na capital San Juan nos últimos dias para exigir a derrubada do governador Ricardo Rosselló – por ser um território dos EUA, Porto Rico não tem um presidente, mas sim um governador – um capacho dos norte-americanos em Porto Rico. A grande imprensa de direita internacional e brasileira tem procurado apresentar os protestos como uma reação à declarações homofônicas de Rosseló, bem como a denúncias de corrupção. No entanto, a radicalização e a violência das manifestações são uma decorrência direta da situação do esmagamento em que Porto Rico se encontra há muito tempo.
A conjuntura em Porto Rico evolui muito rapidamente. Mesmo após Rosselló afirmar que não iria disputar a reeleição, a população mais uma vez saiu às ruas, exigindo que Ricardo Rosselló renuncie ao cargo. É uma rachadura que se abre no seio de um território controlado diretamente sob a asa da águia norte-americana e é mais um indício de que o imperialismo está muito mais frágil do que se imagina.