Há um mês acontecia mais uma prisão política no Brasil do golpe. Quatro companheiros, lideranças da luta por moradia em São Paulo, dirigentes do MSTC (Movimento Sem-Teto do Centro) foram presos de forma completamente arbitrária. A cantora Preta, Sidney Ferreira, Edinalva Silva Ferreira e Angélica dos Santos Lima foram detidos em prisão preventiva.
Além do MSTC, as lideranças presas também compõem a FLM (Frente de Luta por Moradia) e o MNLM (Movimento Nacional de Luta pela Moradia).
A acusação totalmente absurda é a de organização criminosa, baseada em supostas denúncias de testemunhas que dizem que as lideranças do movimento cometiam extorsão dos ocupantes ao cobrarem aluguel. Pesa ainda contra eles outras acusações infundadas como a associação com o PCC.
Seguindo o método dos processos fraudulentos da ditadura golpista, as prisões não têm nenhum fundamento, não há provas, o direito de defesa foi cerceado assim como o direito da presunção de inocência.
“Estou presa porque briguei por direitos constitucionais. Quem deveria estar preso é quem não cumpriu com seus deveres constitucionais. Moradia é um direito constitucional”, afirma Preta, em entrevista publicada nessa quarta-feira (24) para a Rádio Brasil Atual. “O delegado disse que era de direita e que o ano que vem ia se candidatar e quem era do PT tinha que se foder. Ele disse isso no Deic. Então, minha prisão é política”, denuncia.
Preta ainda compara, corretamente, a sua situação à do ex-presidente Lula: “Eu sei o que ele está passando e eu sei o que ele está passando. Sabemos porque estamos presos. Esta é a ditadura de 2019.”
Mas a gravidade do processo não está somente nas arbitrariedades jurídicas e policiais. A acusação, movida pelo Ministério Público, que pede a prisão dos ativistas é abertamente política. “As vítimas também destacaram que eram compelidas a votar em integrantes do Partido dos Trabalhadores, mudar o título eleitoral para o centro de São Paulo, participar de invasões a novos prédios e, por fim, participar de atos em apoio ao ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma”.
Ou seja, o próprio Ministério Público admite que a prisão é política. A justificativa típica da direita golpista, de que os movimentos não podem ser políticos, é usada para perseguir e colocar ativistas na cadeia.
É preciso uma ampla campanha pela liberdade dos presos políticos, o que será alcançada através de uma mobilização permanente e da denúncia contra a ditadura que os golpistas estão colocando em prática no País. Exigir a completa e irrestrita autonomia dos movimentos populares política e financeira.