O povo boliviano foi vítima de um golpe dado pelos EUA no último domingo (10). Foi o mais recente golpe de uma onda desencadeada pelo imperialismo para derrubar governos na América Latina. Desde o golpe de 2009 em Honduras, houve uma sequência de golpes na região: em 2009, em Honduras; em 2012, foi a vez do Paraguai; em 2016 viria o Brasil, com a queda de Dilma Rousseff; em 2019, o golpe imperialista chega à Bolívia. Além desses casos, houve o governo traidor de Lenín Moreno no Equador, que também foi um golpe, e a eleição de Mauricio Macri na Argentina no meio de uma intensa campanha golpista.
Uma política geral do imperialismo
É impossível negar que esses acontecimentos compõem uma política geral do imperialismo na região. O que se busca por meio dessa política é submeter todo o continente aos interesses do imperialismo, e em primeiro lugar dos EUA, que patrocinaram e coordenaram esses golpes, sempre se apressando em reconhecer os governos que surgem como resultado dessas manobras golpistas. São golpes patrocinados e coordenados pelo imperialismo, levados adiante por meio de políticos e agentes comprados dentro do Estado, além de movimentos impulsionados pelo imperialismo dentro de diversos países.
Golpe neoliberal
A política econômica que corresponde a esse plano de dominação é o chamado “neoliberalismo”, que consiste em intensificar a exploração dos trabalhadores no continente inteiro, tirando direitos trabalhistas e diminuindo os salários. Além desses ataques diretos ao bolso dos trabalhadores, há também o ataque às políticas sociais e uma liquidação do patrimônio público nos países atrasados, com a venda das empresas estatais em uma política de privatizações generalizada. Juntando todas essas medidas, a direita empreende uma guerra às condições de vida da população.
Repressão
Um resultado inevitável desse ataque às condições de vida dos trabalhadores é uma confrontação em sentido literal. Essa política leva à reação popular contra esses governos, que por sua vez estão buscando agora responder com repressão. É o que se vê no Chile e no Equador. Na Bolívia, o confronto que está colocado é expressão desse mesmo conflito, pois grande parte da população já conhece a política neoliberal e enxerga na defesa do governo de Evo Morales uma rejeição ao neoliberalismo, por isso estão nas ruas defendendo o governo e se confrontando com a direita e a polícia.
O golpe na Bolívia chegou mais tarde nessa onda golpista, em uma crise criada da noite para o dia pelo imperialismo. Dias antes da campanha golpista começar na Bolívia, o povo chileno iniciava seu levante contra décadas de política neoliberal e contra o governo de Sebastián Piñera. Antes disso, o Equador já havia se levantado, tendo suas manifestações contidas por enquanto graças a uma manobra do governo de Lenín Moreno e a uma política equivocada das direções. A resistência ao golpe em curso na Bolívia faz parte da mobilização contra o imperialismo e as políticas neoliberais no continente.
Conflito continental
Esse confronto em todo o continente chegará ao Brasil. A população vai sentir os efeitos da política de Bolsonaro e ultrapassar o limite do suportável. De modo que haverá inevitavelmente uma mobilização contra o governo. A direita, por sua vez, já se prepara para a repressão, como tem feito nos outros países. A direita não está disposta a negociar ou ceder terreno. Não estão cedendo às manifestações no Chile, e não se importaram em derrubar um governo reeleito três semanas antes na Bolívia.
Portanto, no Brasil, a esquerda precisa se preparar de forma que corresponda à situação política colocada. É preciso agir de acordo com os acontecimentos. Não adianta agora seguir rumo a uma política eleitoral. O que está diante dos trabalhadores é um acirramento da luta de classes, como mostra todo o continente. O movimento contra o golpe deve se preparar para o embate com a direita golpista que está por vir no Brasil, como parte de uma guerra do imperialismo contra o povo da América Latina.