Com o decorrer do governo Bolsonaro, a esquerda pequeno-burguesa tem entrado em uma crise sem precedentes. Talvez, até mesmo na época do golpe, em que todos estes se negaram a enxergar o processo, a crise não foi tão grande quanto hoje em dia. O governo está um caos e luta pelo poder está colocada. Como sempre, a esquerda pequeno-burguesa, sem programa, oportunista e imediatista não tem proposta e por isso entram em um limbo político.
A esquerda pequeno-burguesa não quer chamar o Fora Bolonaro, que agora com os vazamentos da Lava Jato, mas também antes com o apelo popular, está colocado no centro da luta política. Os vazamentos comprovam que Bolsonaro é produto de uma fraude que prendeu Lula e tirou-o da eleição, abrindo a caminho para o fascista. Quem abriu o caminho é justamente seu atual ministro da Justiça – revelando um interesse clara na prisão do ex-presidente.
Além disso, diversos outros escândalos, envolvendo milícias, candidaturas laranjas e brigas internas por cargos tem abalado o governo. Diante disso, o povo tem saído às ruas para exigir a derrubada do governo. Nas favelas do RJ, no Carnaval, nos estádios e nos atos, o repúdio a Bolsonaro é generalizado. Mas mesmo assim a esquerda se nega em aderir à palavra de ordem.
Desta forma, alguém diria que o foco da luta política está contra a Reforma da Previdência. Obviamente que, para isso, o Fora Bolsonaro é indispensável. Porém, mesmo assim, a esquerda pequeno-burguesa está perdida. Por um lado, as centrais sindicais estão procurando realizar greves e mobilizações com as centrais patronais (Força Sindical, UGT) que votaram a favor da Reforma. Por outro, as lideranças da esquerda dizem que é hora de pressionar os parlamentares golpistas do Congresso Nacional. Um pouco parecido com o que fizeram na época do Impeachment, semeando ilusões de que haveria alguma alternativa de tipo institucional. Isso vai inclusive mais longe com os governadores de esquerda tentando negociar uma reforma mais leve.
No quesito da educação é a mesma coisa. Após os grande atos do dia 15 e dia 30 de mal – que segundo as organizações eram em defesa da educação, apesar de que a maioria estava lá contra a totalidade do governo – as lideranças não chamaram mais nenhum ato “em defesa da educação”. O único grande ato depois foi na Greve geral do dia 14, que foi “contra a reforma da previdência”.
A esquerda precisa se decidir sobre qual é o foco. A luta contra a reforma ou pela educação? Não se decidem. Isso porque são muito “democráticos” para pedir a derrubada de um governo eleito por uma fraude. A luta pela derrubada de Bolsonaro, através do Fora Bolsonaro, permitiria a mobilização contra todos os ataques do governo. Porém, a tática da esquerda pequeno-burguesa é “nem Fora Bolsonaro, nem aposentadoria, nem educação”. Isto é, uma tática de derrotas. sem nenhuma conquista para a população.