Na quarta-feira (24), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, desautorizou a decisão do presidente Jair Bolsonaro, determinando que a Petrobras abastecesse dois navios iranianos que estão parados em Paranaguá, no litoral do Paraná, há duas semanas.
O caso revela uma grande crise da burguesia golpista brasileira. Começando pela luta institucional que ocorreu para permitir o abastecimento. A companhia exportadora já havia obtido uma liminar favorável do Tribunal de Justiça do Paraná. Mas a Petrobrás, sob domínio de Bolsonaro, entrou com um recurso para não abastecer.
A decisão de Toffoli desautorizou, então, a decisão do presidente – expressando mais uma crise no caso.
Acontece que Bolsonaro atacou o Irã com base em uma subserviência aos Estados Unidos que, através do presidente Donald Trump, está em uma campanha de boicote ao país do Oriente Médio.
Porém a política de serviçal de Bolsonaro se choca com os interesses dos ruralistas, já que estes exportam carne, milho, soja e diversos outros produtos para o país oriental. A adesão de Bolsonaro ao boicote norte-americano cria uma crise com os países árabes, que compram produtos brasileiros, sendo o Irã um dos principais compradores.
Na época, quando Bolsonaro decidiu reconhecer Jerusalém como capital da Israel, uma crise semelhante com os países árabes se criou, colocando em risco as exportações para países árabes do Oriente Médio e da África.
Toffoli, desta forma, atuou no sentido de não criar uma crise com o chamado agronegócio brasileiro. Porém, para isso, teve de desautorizar o presidente da república, evidenciando as contradições existentes no bloco golpista.
Vale ressaltar aqui também a farsa da campanha patriótica de Bolsonaro, que em nome de uma política de subserviência aos EUA gerou uma crise em sua base política e colocou em risco as exportações brasileiras. Bolsonaro, de fato, é um agente dos norte-americanos no país e por isso está promovendo uma política de terra-arrasada.