Maringoni: impeachment de Collor, Dilma e Bolsonaro é a mesma coisa

Na edição dessa quarta-feira (31) deste Diário publicamos matéria polemizando com o professor e ex-candidato do PSOL ao governo de São Paulo, Gilberto Maringoni, sobre sua posição que pedir impeachment para Bolsonaro seria uma ilusão da esquerda já que, segundo ele, essa seria a manobra preferencial da própria direita tradicional para se livrar do presidente de extrema-direita e assim garantir o projeto econômico anti-povo. Explicamos que a consideração de Maringoni era na prática o “fica Bolsonaro.”

Gilberto Maringoni publicou no dia seguinte ao seu primeiro artigo uma continuação, com mais considerações sobre o impeachment de Bolsonaro. Dessa vez, ele coloca como argumento central que “o impeachment no presidencialismo é sempre um golpe” pois seria “uma clara sobreposição à vontade popular.”

Dessa consideração, Maringoni chega à conclusão de que inclusive o impeachment de Collor foi um erro da esquerda. Chega à conclusão  também que, a defesa do impeachment de Bolsonaro obrigaria a esquerda a abandonar a classificação da queda de Dilma Rousseff como golpe. Ou seja, todos os impeachments são iguais, são golpes e passam por cima da vontade do povo.

Vejamos, parte por parte, o que está implícito nesses argumentos. Em primeiro lugar é preciso desfazer a confusão entre a forma constitucional do impeachment e a luta política que pode resultar na derrubada de um governo. A burguesia pode encontrar uma série de manobras institucionais para se precaver diante de uma crise política ou facilitar a derrubada de um governo que não seja condizente com seus interesses. Mas a forma jurídica com a qual aparece esse instrumento de derrubada de um governo não coincide necessariamente com seu conteúdo político.

Como consequência desse raciocínio podemos afirmar que a derrubada de um governo representa interesses de classes diversos em um caso ou em outro. Lênin e Trótski explicaram a insurreição que levou o Partido Bolchevique e portanto os operários ao poder como um golpe de Estado. Mas há uma enorme diferença de conteúdo entre o golpe que leva a maioria do povo ao poder e que institui a ditadura do proletariado e o golpe de Estado que coloca uma determinada fração da burguesia no poder em detrimento do povo ou até mesmo em detrimento de outra fração burguesa.

Dito isso, entrando no caso brasileiro, há uma enorme confusão na caracterização de Maringoni. A derrubada de Collor, mesmo se levarmos em consideração a ação de setores da burguesia que procuraram e de certa maneira conseguiram tomar as rédeas do processo, representou um avanço do ponto de vista da luta dos trabalhadores e da juventude. Exatamente a apreciação oposta podemos ter sobre a derrubada de Dilma. O mesmo mecanismo do impeachment foi usado em situações diferentes com resultados diferentes para a luta das massas.

É preciso ainda fazer a ressalva que no caso de Collor, o mecanismo institucional do impeachment facilitou que a burguesia manobrasse com a crise política. Logicamente que do ponto de vista do avanço da luta das massas naquele momento era preciso romper com essa manobra e chamar novas eleições e não compactuar com a chegada do vice Itamar Franco. Mas mesmo diante dessa manobra a crise política gerou uma instabilidade para o regime burguês que com certeza era ruim para a burguesia e favorável aos trabalhadores.

O pedido de impeachment de parte da esquerda é a expressão do fora Bolsonaro que já há algum tempo as massas adotaram. E com certeza, a queda de Bolsonaro, mesmo que por meio de um impeachment, ou seja, por uma via institucional, resultaria numa instabilidade do regime golpista pela qual a burguesia não gostaria de passar. Ou seja, teria um conteúdo progressista, favorável à luta das massas.

Por último, é preciso reforçar que analisar a derrubada de Bolsonaro como um desrespeito à vontade vontade popular é absurdo. Bolsonaro é fruto da fraude grotesca que prendeu o candidato que ganharia a eleição. Na realidade, derrubar Bolsonaro é a vontade popular, não só porque a maioria do povo queria e quer votar em Lula, mas porque mais gente ainda está pedindo sua derrubada nas ruas dos quatro cantos do País.

É preciso derrubar Bolsonaro nas ruas e exigir a anulação das eleições fraudadas e a convocação imediata de novas eleições com Lula livre e candidato.

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