Na última semana, o PSTU, seguindo o exemplo de outros setores da esquerda nacional, publicou uma matéria convocando a população a “pressionar” os parlamentares para que não votem na reforma da Previdência. A matéria, intitulada “Lista atualizada dos deputados que querem acabar com nossa aposentadoria”, afirma:
É preciso intensificar a pressão contra esses parlamentares que usufruem de regalias e privilégios, e querem destruir os poucos direitos que os trabalhadores ainda possuem.
O placar ainda está disputado, mas vários parlamentares já disseram ser total ou parcialmente a favor da reforma da Previdência que atacará profundamente as aposentadorias e direitos previdenciários.
É importante sabermos quem são esses políticos e cobrá-los. Mostrar os que são eleitos e no Congresso Nacional votam contra o povo.
A posição que o PSTU defende, portanto, é bem distante daquela esperada de um partido revolucionário, o qual o PSTU diz ser. É, também, uma política que já entrou em completa falência, que já foi testada e demonstrada como ineficiente em meio a toda aluta contra o golpe que vem sendo travada nos últimos anos.
O Congresso brasileiro é formado, fundamentalmente, pelos mais desqualificados picaretas da política nacional. A eleição que lhes deu seus respectivos cargos foi uma fraude – portanto, todos estão intimamente vinculados a burguesia. Não faria sentido algum a burguesia realizar toda uma operação golpista nas eleições para que os deputados se comportassem de maneira democrática.
Além das eleições de 2018 terem sido escancaradamente fraudulentas – exemplos disso são a cassação da candidatura do ex-presidente Lula e a derrota eleitoral de Eduardo Suplicy -, a burguesia sempre criou condições para que apenas os seus representantes fossem eleitos. Por meio de financiamentos milionários de campanha, os deputados e senadores já são corrompidos antes mesmo de chegar aos seus gabinetes.
A pressão sobre os deputados também é um erro porque o regime político sempre irá encontrar uma forma de ter os seus interesses atendidos. Se,, por determinadas contradições, o Congresso não levar adiante a política esperada, o regime político se dispõe de um Judiciário ainda mais corrupto e de Forças Armadas ainda mais subservientes para controlar a situação.
O lobby parlamentar – isto é, a pressão sobre os parlamentares – em nada resolve o problema do golpe e do avanço da extrema-direita. A luta que a esquerda e os setores democráticos devem travar não é para vencer uma votação no Congresso, mas sim para derrotar o regime político de conjunto. E para isso, só há um caminho: mobilizar os trabalhadores e a população em geral contra a direita. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! eleições gerais já!