A deputada federal pelo PCdoB-RJ, Jandira Feghali, publicou matéria no site de notícias Vermelho, ligado ao seu partido, intitulada “Não comemore Witzel, trabalhe!”. Jandira tratou de chamar mais uma execução policial de “atuação técnica”, em referência à ação da polícia no caso do sequestro do ônibus na Ponte Rio-Niterói na última terça-feira (20). Diz ela: “Mesmo sem todos os dados de perícia possíveis, é notório que a polícia especializada agiu com embasamento técnico, seguiu protocolos e buscou salvar as vidas em risco, numa crise em que cada segundo contava. Entrou negociando e interferiu de forma mais contundente quando preciso.”
Na edição de ontem, dia 22, deste Diário criticamos a política do deputado federal pelo Psol-RJ, Marcelo Freixo, que, diante da execução a sangue frio, teve como primeira preocupação o elogio da ação da polícia como sendo uma “atuação técnica”, assim como fez Jandira. Chamamos a atenção para o fato de que qualquer pessoa minimamente de esquerda deveria ter como primeira preocupação a denúncia da situação social que leva a esse tipo de problema. Mas Freixo e Jandira estão voltados para uma “apreciação técnica” da polícia, que é um elogia à ação policial.
Está claro que o caso foi explorado e até certo ponto forjado por Witzel e a extrema-direita para fazer propaganda da política de extermínio da população que se agravou nos últimos dias com a mortes de inocentes. Uma propaganda para justificar justamente o uso de atiradores de elite contra a população desarmada. Essa foi uma das “promessas” do governador fluminense assim que iniciou seu mandato.
Para sermos justos com Jandira, ela denuncia em sua matéria as “881 mortes por agentes de segurança do Rio, principalmente nas áreas de favelas e periferias, vitimando jovens negros.” A deputada ignora, no entanto, que o circo armado por Witzel no caso do ônibus é parte dessa situação. O sequestrador, um jovem de 20 anos, foi alvejado pelas costas com seis tiros quando até mesmo os reféns afirmaram que ele não aparentava nenhum sinal de ser violento. Momentos antes da execução, o jovem havia liberado seis reféns. Ou seja, diferente do que diz Jandira Feghali, não houve “embasamento técnico”, houve mais uma execução brutal da polícia do Rio, a mando de Witzel.
É esse o trabalho de Wilson Witzel. Foi para isso que ele foi colocado no governo do Rio de Janeiro após o que foram talvez as eleições mais fraudadas da história. Portanto, quando elogia a atuação da polícia e manda Witzel “ira trabalhar”, Jandira está dizendo: “Witzel, pare de comemorar, apenas continue matando a população”. A deputada do PCdoB diz que o “governador deveria se empenhar em construir uma política de segurança eficiente, de inteligência, de investigação, de treinamento técnico”. O problema é que justamente ele já tem essa política de segurança “eficiente” e que no atual regime capitalista – o que se agrava no golpe de Estado – não pode ser nada diferente do extermínio do povo.
Witzel está “trabalhando” muito bem! Se ele trabalhar mais, como pede Jandira, mais e mais gente vai morrer.
A única política correta diante da situação é exigir a saída imediata do governador fascista. É preciso colocar para fora o governo. É preciso denunciar a ação criminosa da polícia a mando do governador e chamar a população a reagir.
Qualquer coisa que não passe por isso é oportunismo eleitoral cujo objetivo é a eleição municipal de 2020.