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G-7 discute intervenção imperialista na Amazônia

Direto ao ponto: o que o G-7 discute não é ‘salvar’ a Amazônia ou as loucuras do presidente Bolsonaro, as bobagens ditas por seus filhos ou por seus ministros, mas a própria intervenção na região.

Vamos lembrar de alguns dados importantes:

[1] A Amazônia, que se divide entre Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela, correspondendo a cerca de 40 % do continente sul-americano e mais de 50% do território brasileiro. A área total de Floresta Amazônica (mais de 6 milhões km²) tem quase o tamanho da Austrália, sendo maior do que a Europa Ocidental e sendo quase tão grande quanto os EUA.

A Amazônia brasileira incorpora os estados do Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Roraima, Tocantins, o oeste do Maranhão e o norte do Mato Grosso, com uma população, no entanto, de menos de cerca de 12% do país.

A Amazônia possui 1/5 da água doce do planeta,  representa 67% das florestas tropicais e 30%  das florestas latifoliadas do mundo, tendo uma das maiores diversidades biológicas do planeta, sendo o maior banco genético conhecido. Na região, existem mais de 100 espécies de madeiras nobres, cujo valor, considerando a densidade da floresta e se pudessem ser extraídas, é calculada em mais de um trilhão de dólares.

Considerando a quantidade e qualidade de água na região, tendo 25 mil quilômetros de rios navegáveis. Atualmente a produção pesqueira alcança mais de 180 mil toneladas por ano, mas com potencial estimado de até 300 mil toneladas/ano.

Também na Amazônia, é de conhecimento geral, encontra-se uma das maiores reservas mundiais de minerais estratégicos do mundo. Já mapeados ou dados a conhecer, temos enormes reservas de ouro no Pará, no Amazonas, em Roraima e no Amapá; de ferro no Pará (serra dos Carajás), no Amapá, no Amazonas; de sal-gema no Amazonas e no Pará; de manganês no Amapá, no Pará e no Amazonas; de bauxita no Pará, e muito calcário, cassiterita, gipsita, linhita, cobre, estanho, nióbio, tântalo, zircônio, criolita, caulim, diamante, chumbo e níquel.

É uma região igualmente rica em gás e petróleo. No lado brasileiro, a exploração de gás e petróleo iniciou após a descoberta, em 1986, em Coari, no Rio Urucu. A qualidade do óleo de Urucu é excepcional, sendo um dos mais leves produzidos no País.

A Venezuela explora petróleo na região e, em 2011, a Guiana Francesa fez sua primeira descoberta e em 2015 anunciou a de um dos maiores poços na Amazônia, o que virtualmente transformaria o pequeno país num dos grandes produtores do planeta. Há uma contenda com a Venezuela sobre a região em que o petróleo teria sido descoberto[2].

Hoje, são diversas as petrolíferas presentes na foz do Amazonas: Brasoil Manati, QGEP, Total, Ecopetrol, BHP Billiton, Petrobrás e BP. E na Guiana Francesa, por hora, a  Exxon domina a exploração.

Portanto, o discurso sobre a Amazônia ser ‘patrimônio da humanidade’, e mesmo a imagem equivocada, de que a região seria “pulmão do mundo[3]”, serve para dar penso a recorrente ameaça de internacionalização.

A hipocrisia com que o imperialismo trata questão indígena e ambiental também visa, escondendo o caráter sempre predatório, genocida, de suas empresas coloniais, a sensibilizar a opinião pública para avançar sobre a Amazônia e sobre os recursos que ela contém.

O que o G-7 faz nesse momento é aproveitar um desastre, não natural e fruto de uma política predatória do governo de extrema-direita que assaltou o poder no Brasil, para avançar sobre as pretensões, nada despojadas ou humanitárias, de tomar posse dessa área tão estratégica, inclusive militarmente.


NOTAS:

[1] Não se pode esquecer que Theodore Roosevelt, entre 1913 e 1914, participou de uma grande expedição ‘cientifica’, junto com Rondon, que terminou na Amazônia. O antigo Rio da Dúvida foi rebatizado como Rio Roosevelt[1] em sua ‘homenagem’, indicando que os norte-americanos tinham informações de primeira mão sobre a região.

Henry Ford adquiriu, no estado do Pará, em setembro de 1927, uma área de 14 568 km², no município de Aveiro, às margens do Rio Tapajós – local que foi batizado de Fordlândia para exploração de látex. Embora o projeto tenha sido encerrado em 1945, não significa que a empresa norte americana Ford Industrial do Brasil não tenha mapeado a região e planos para o futuro.

Além desses, outro que fez uma grande investida na Amazônia foi Nelson Rockefeller, inclusive financiando missionários protestantes. Esses missionários tratavam de aprender as línguas nativas e traduzir a bíblia, além de mapear tudo que podem. Trata-se colonização cultural casada com ativa avaliação do potencial econômico da região e dos problemas e entraves possíveis para sua exploração.

[2] Essas descobertas no Norte da América do Sul mobilizou o governo dos EUA a participar ativamente da elaboração do novo marco regulatório de exploração e produção de petróleo na região da Guiana.

[3] É sabido que, se algum lugar do planeta deve ser considerado ‘pulmão’, seriam os mares e oceanos. A Amazônia, segundo alguns estudos, tem um importante papel na refrigeração, por assim dizer, impactando o clima em todo o mundo – e a agricultura portanto.

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