Na última semana, o presidente golpista Bolsonaro assinou um decreto que amplia, de forma muito restrita, o armamento da população. O decreto de Bolsonaro causou um furor tanto nos setores da direita conservadora, quanto na esquerda pequeno-burguesa. Ambos os setores intensificaram a campanha contra o aramamento da população.
A política correta, no entanto, é defender o armamento irrestrito do povo, como um direito democrático. Apesar da posição capituladora da esquerda pacifista diante da defesa do armamento, fato é que o regime político nacional evolui no sentido de um Estado abertamente fascista. Na última semana, o governador fascista do Rio de Janeiro, Witzel do PSL, a bordo de um helicóptero do batalhão de Operações Especiais, o BOPE, literalmente metralhou a comunidade pobre carioca da Maré – revelando que a burguesia está abrindo o jogo de uma guerra sangrenta contra os trabalhadores.
Além disso, este fato demonstra que o Estado é um verdadeiro instrumento de guerra da burguesia contra o povo, e nessa situação a população tem todo o direito de revidar por meio da força das armas.
A brutal violência do estado obrigou as escolas da comunidade a colocarem um cartaz nos telhados pedindo para não atirarem. Outro exemplo foi o que aconteceu no mês passado quando o exército fuzilou um carro com mais de oitenta tiros, matando duas pessoas.
A política da esquerda pequeno-burguesa contra o armamento na verdade é a política dos grandes capitalistas, de defesa do monopólio das armas pelo Estado burguês e as classes dominantes. Como se vê, mesmo por fora do Estado, os capitalistas estão armados por meio das milícias, dos jagunços e seguranças privados. Desta forma, só quem é privado do direito de se armar são os trabalhadores.
Sem falar que o direito ao armamento é um direito democrático conquistado pelas diversas revoluções que ocorreram ao longo da história, como na França, no EUA e assim por diante. A burguesia, que naquela era uma classe revolucionária contra o feudalismo, colocava claramente a questão: a população deve ter o direito de se armar contra os abusos das classes dominantes. O revolucionário francês do século XIX, Louis Auguste Blanqui, disse “quem tem o ferro, tem o pão”, isto é, quem está armado consegue garantir seus direitos, como por exemplo, o direito de comer.
Outra confusão a respeito desta questão é a política demagógica da extrema-direita em relação ao armamento. Tanto Bolsonaro, quanto a extrema-direita de um modo geral, não querem armar todo o povo. O próprio decreto assinado extremamente limitado, ele facilita o acessoa as armas a determinados setores da sociedade, sobretudo de uma parcela importante da pequena-burguesia. Mas não se trata de um decreto que irá garantir o direito amplo ao armamento. Bolsonaro é totalmente contra a ideia de armar os operários, a CUT, os partidos de esquerda e assim por diante. Por isso, trata-se de uma política demagógica para conquistar uma parcela da população.
A única política coerente é a defesa do armamento irrestrito do povo. As organizações populares e a população de um modo geral devem ter o direito de se armar para enfrentar a violência do estado capitalista.