Nesta terça-feira, a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, (16) de que a Polícia Federal realizasse busca e apreensão na casa de pessoas acusadas de publicarem na censura da Revista Crusoé e do site O Antagonista escancarou a censura existente no País. Foram tomadas medidas como o bloqueio de contas em redes sociais e do WhatsApp de sete pessoas investigadas. A mais alta corte do País, dividida como todo regime político golpista, evidenciou o aprofundamento da crise não só no interior do Judiciário, como também do conjunto do regime.
Nestes e noutros casos recentes, como as condenações do humorista bolsonarista Danilo Gentilli, sob a acusação de ofensa e injúria, fica evidente o uso do ultra reacionário do Poder Judiciário para perseguir pessoas que – sob as mais variadas formas – expressam posições consideradas ofensivas pelos atingidos e pelo juízes, sem que haja qualquer parâmetro legal para isso.
No caso do processo instaurado pelo próprio STF, que também se coloca como parte diretamente interessada e acusadora, fica ainda mais claro o uso da censura em uma disputa interna no próprio poder Judiciário, no qual a Corte se confronta com setores da Operação Lava Jato e seus apoiadores.
Embora em todos esses casos os alvos imediatos sejam elementos da direita, o precedente da censura e da perseguição política por expressar posicionamento diverso daquele que um setor do Judiciário considera ilegal ou inadequado, constitui-se em uma ameaça à liberdade de expressão e na intensificação do ataque aos direitos democráticos de todo o povo brasileiro, principalmente dos setores explorados, das suas organizações de luta e da esquerda, já amplamente perseguidos pelo regime golpista.
No caso da luta no Judiciário, entre duas alas direitistas, se alguma delas sair vencedora e se consolidar, ou se houver um acordo, e puderem se organizar em função dos interesses de diferentes capitalistas aos quais estão vinculadas, vão partir para cima dos trabalhadores, das suas lideranças e organizações, intensificando o que vêm fazendo contra Lula e outros presos políticos do regime golpista.
Ao contrário de apoiar estas alas, a censura, a cassação da liberdade de expressão, a repressão estatal como instrumento de perseguição aos opositores etc. – como fazem setores da esquerda pequeno burguesa – é preciso denunciar essa situação e mobilizar contra a censura e contra o regime golpista de conjunto, levantando a luta pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas.