A grande maioria das universidades federais do país já se posicionaram em relação ao programa Future-se, do governo federal. A proposta de ingerência das instituições é total ou parcialmente rechaçada em quase 70% das instituições nacionais de ensino superior. Ao todo, são 43 das 63 universidades federais que já se negaram à incorporação voluntária ao programa do governo golpista de Bolsonaro.
Um dos fatores fundamentais para a rejeição do projeto do MEC é a concepção de que participar do programa não afetaria de qualquer modo o financiamento da universidade a curto e médio prazo. Além disso, muitas das propostas de captação de recursos com a iniciativa privada já são realizadas pelas próprias instituições há tempos.
Nesse sentido, o programa do governo é uma tentativa explicita de mascarar os cortes na educação. Se, além do congelamento dos investimentos por vinte anos, o MEC não tivesse cortado o orçamento em 30%, a situação seria diferente. Por isso, apresentar propostas obsoletas e vazias de significado político tem sido algo recorrente no governo em diversas áreas.
Enquanto isso, as universidades precisam se preocupar com questões práticas. É clara a necessidade de incrementar o desenvolvimento científico. Os cortes das instituições de fomento à pesquisa tem dificultado e enviesado as pesquisas de modo a satisfazer o mercado capitalista.
Outro ponto central na discussão é a questão da permanência estudantil da classe trabalhadora e de seus filhos. Se o que se quer é o desenvolvimento da nação, é imprescindível que isso se dê pelo desenvolvimento educacional, técnico, científico e cultural. Para isso, é preciso que esse desenvolvimento se dê através da criação de condições materiais para tal objetivo. Não basta focar em áreas que propiciem o desenvolvimento tecnológico que só privilegie a burguesia, é preciso financiar todos os âmbitos da universidade.
Isso significa na prática, subsidiar os restaurantes universitários, criar, reformar e ampliar moradias estudantis, organizar creches nas IES para que mulheres possam se beneficiar do estudo para o próprio desenvolvimento, garantir o acesso à bolsas permanência a todos os alunos que tenham dificuldades financeiras para permanecer na universidade etc.
O governo Bolsonaro faz exatamente o oposto. Busca colocar a educação no caminho da privatização por meio dos cortes de recursos. Além disso, tenta dar o próximo passo para seu plano ao colocar as universidades públicas sob a administração de organizações financiadas pela burguesia.
Ao se eximir da responsabilidade disposta em constituição e fazer discursos sem sentido para encobrir seus erros, o golpista dá todos os motivos para que os trabalhadores se mobilizem e se organizem no intuito de derrubar seu governo e desferir um ataque furioso ao golpe de Estado iniciado em 2016 com a retirada de Dilma do poder. Portanto, é preciso que toda a comunidade acadêmica se organize para barrar esse projeto.